Ela se aproximou de mim rapidinho com o olhar de quem tinha
uma fofoquinha básica, urgente, para me contar.
__Amiga, lembra daquele político charmoso, bonitão que te falei?
__Sim, sei.
__ Então, ele foi lá em casa.
__Ok, agora me conta uma novidade! Sim, porque dizer que
políticos foram nos visitar nessa época é a mesma coisa que olhar para o céu
com nuvens escuras e dizer que pode chover mais tarde.
Ela fez uma cara de que percebeu meu mau humor (não costumo
falar com minhas amigas assim, com tanta sinceridade), mas continuou empolgada
contando sua história.
__ Menina, ele me adicionou no Facebook, disse que ia tomar
um café comigo...
Continuei em silêncio e ainda esperando alguma novidade. Agora
eles descobriram que as redes sociais são ferramentas eficientes na briga pelos
votinhos.
__ Há dias ele vinha falando comigo no face. Perguntou quando eu ia
estar sozinha para ele ir me visitar. Achei estranho né...Por que ele queria
que eu estivesse sozinha? Mas tudo bem. Não acreditei muito que ele ia, mas, na
terça-feira, à noite, não é que o homem apareceu! Ai, amiga, ele é tão simpático! Fala umas
coisas tão bonitas...
Continuei ouvindo, com uma vontade enorme de interrompê-la e
dizer algo do tipo “acorda, criatura, esse homem só quer seu voto”, mas ela nem
me deixou falar. Mulher carente, às vezes é um alvo muito fácil.
__ Aí, ele me abraçou e ficou um tempão falando comigo e
segurando a minha mão... Perguntou sobre a minha vida pessoal. Começou a me
elogiar. Disse que eu era bonita, inteligente, esforçada, gentil... e, amiga,
começou a me fazer umas propostas indecentes.
__ Sério! Mas ele não é casado?
__ Não, não. Ele se separou.
__ Estranho! Vi recentemente no jornal uma foto dele ao lado
da esposa.
__ Ah, sabe como é né... Na política, esse negócio de
família é muito importante.
__ Entendi. Quer dizer, não entendi não. Mas, deixa pra lá.
Ela me contou em detalhes o que o político bonitão tinha
dito naquela noite e as conversas entre os dois que antecederam aquele
encontro. Algumas mulheres tem essa necessidade de compartilhar tudo com as
amigas. E, coitada, ela realmente acreditou que ele ia levá-la para tomar um
vinho depois da eleição. Enquanto ela ia falando, lembrei-me de uma reunião
política que participei uma vez, na qual o coordenador da campanha aconselhava
os cabos eleitorais e os candidatos. Ele dizia, aparentemente sem nenhum peso
na consciência: “Pra ganhar a eleição, meus amigos, vale tudo!”
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