domingo, 18 de setembro de 2011

Não entendo

Ele acabou de completar 8 anos. Recentemente a professora me chamou e me disse: "mãe, não sei o que acontece que o Vitor, ele  fica aéreo na sala, às vezes." Disse também que ele era desorganizado, que o caderno estava feio e que ele vivia perdendo o material. Pediu para que eu procurasse ajuda profissional porque algo devia estar afetando o desempenho dele na escola pois as notas não estavam lá muito altas. Falou também que ele estava deixando de fazer algumas tarefas.
Nenhuma mãe gosta de ouvir comentários assim do seu filho. É lógico que notas altas, comportamento condicionado e organização é o que a maioria dos professores esperam dos seus alunos. Mas o Vitor é diferente. Não quis discutir com a professora. Mas poderia usar o velho bordão usado pelas mães: eu conheço meu filho!
Prefiro que ele seja do jeito que é, mesmo que isso incomode um pouco algumas pessoas. Que goste de rock; que faça um topete diferente no cabelo; que vista a camisa aberta por cima da camiseta; que diga que funk e sertanejo é "paia"; que me questione sobre os astros; o livro de gênese; o por do sol; as invenções do homem; a destruição do meio ambiente; os dinossauros; a descoberta do fogo... mesmo que eu não tenha resposta para nenhuma dessas perguntas.
Prefiro que ele reclame quando tem por tarefa copiar números de 350 a 555 porque sabe que isso é perda de tempo. Prefiro que ele tenha explicações criativas para questões que ninguém mais sabe como resolver. Prefiro ficar pasma refletindo durante alguns minutos e me questionando como não pensei nisso antes, sobre aquela sacada que ele teve e que só os olhos de uma criança esperta conseguem enxergar.
Talvez, nos momentos em que ele estava aéreo na sala de aula, foram os momentos em que ele mais produziu. Talvez daí tenha surgido a ideia desse poeminha que foi escolhido um dos quatro melhores no Festival Poético de Cornélio Procópio.

Não entendo


Mundo, mundo
Flutua no infinito...
Por que? Eu vou saber?
Mundo, mundo
Espaço sem oxigênio
Por que? Eu vou saber?
Planeta imenso, em várias cores
Dá pra entender?
Pessoas diferentes moram nesse mundo
Tem umas doidas... Por que será?
Perderam o pai? Perderam a mãe?
Estão com fome?
Estão com raiva?
Mudo, mundo
Perguntas sem respostas
Estranho... quem  vai saber?

Vitor Koziel
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Aprendendo a dizer não

Existem pessoas que adoram uma negação. As palavras não e nunca parecem naturalmente fazer parte do vocabulário cotidiano delas. Mesmo quando elas pensam em dizer sim, encontram uma forma de dizer o contrário. Outras, em compensação, sofrem quando precisam usar essas palavrinhas, até quando os livros de autoajuda dizem que é possivel dizer não sem sermos, necessariamente, negativos.
Por falar em livros de autoajuda, acho que foi por causa de um desses que fiquei assim, medrosa. Com medo da reação das pessoas ao ouvirem um NÃO. Às vezes penso que foi um livro autoprejudicial que li quando era adolescente. Dizia esse livro que essa palavrinha jamais deveria ser dita. “Estruture suas frases sempre de forma positiva”, dizia o livro. “Aceite tudo o que a vida te oferecer”, complementava o autor.  Por algum tempo me senti um monge budista. Dizia muito obrigada a tudo. Talvez isso até tenha me ajudado de alguma forma. Aceitar as coisas ruins que te acontecem sem blasfemar é uma forma de superar os obstaculos da vida e acreditar que dias melhores virão. E acredito que isso me deu forças para continuar em muitos momentos que podia ter desistido.
Porém, chega um momento da sua vida em que parece que o mundo te cobra uma atitude mais severa em algumas situações. E isto inclui negar alguns pedidos. Mas é tão difícil para quem aprendeu a vida toda que antes de tudo é necessário se colocar no lugar do outro! É muito desagradável olhar para o seu colega e ver a carinha de frustração quando ele te pede alguma coisa e você diz que não pode ajudá-lo. O problema é que percebemos que poucas pessoas se colocam em nosso lugar para nos responder às nossas solicitaçoes e isso dá uma p*** raiva.
Uma amiga me disse uma vez que o tempo me ensinaria a dizer não sem me sentir culpada. Talvez eu aprenda isso quando estiver de bengalinha. Ou talvez eu aprenda que dizer sim, às vezes, prejudica muito mais que dizer não.


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