tag:blogger.com,1999:blog-49749805484139571182024-03-12T21:59:29.910-07:00Porque há o direito ao grito. Então eu grito.Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.comBlogger67125tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-77747621414584328052016-07-31T08:57:00.001-07:002016-07-31T08:57:28.292-07:00O café de Paraty<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-ai_xgRpy7yI/V54fmw6OaNI/AAAAAAAAEIc/sGsA_1y-r10mTO6H_J45YAFe-x3Ao3PmgCLcB/s1600/13592738_10206877975050440_4180358648164669531_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://3.bp.blogspot.com/-ai_xgRpy7yI/V54fmw6OaNI/AAAAAAAAEIc/sGsA_1y-r10mTO6H_J45YAFe-x3Ao3PmgCLcB/s400/13592738_10206877975050440_4180358648164669531_n.jpg" width="400" /></a></div>
<br /><div class="MsoNormal">
Sou daquelas que acredita que o dia só começa mesmo depois de
um bom café. Mesmo que seja domingo e o café seja feito na hora em que
habitualmente é o almoço. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na última vez que estive em Paraty – e primeira, diga-se de
passagem (perdoem-me o trocadilho) – resolvi comprar um suporte com um coador
minúsculo, para apenas uma xicrinha de café. Comprei porque era o mesmo suporte
que usavam na cafeteria que nos reunimos – as locas da excursão - para tomar café.
Comprei porque acreditei que trazendo o coador, toda vez que fizesse café teria
um pouco de Paraty, especialmente daqueles momentos de conversa na cafeteria,
na minha casa. E para isso que a gente paga o triplo do preço nas lembrancinhas
de viagens: acreditamos que com elas vêm um pouco da história, das belezas e da
cultura do local onde estivemos visitando. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas hoje, ao coar meu café - no coador de Paraty, claro - para
minha decepção, a bebida não tinha o mesmo gosto do café da cafeteria
mencionada. Alguma amiga poderá dizer que lógico que não vai ter porque usei o
café da marca da cooperativa que compro no mercadinho perto de casa e não
aquele carrérimo que eles usam lá. Mas não é isso: faltou-me o bolo de fubá com
goiabada para acompanhar, a carne louca; faltou o cansaço, as bolhas nos pés
após um dia todo andando por uma cidade com ruas tortas de pedras irregulares;
faltaram as piadas, os oompas loopas que dirigiam o micro-ônibus; faltou a
história de Paraty contada por quem faz parte dela; faltou a beleza dos
casarões do Brasil império, observada com o vagar de quem acompanha uma amiga que
anda com o pé quebrado, mas anda; faltou o barco que afunda na areia; faltou o
espírito aventureiro das jovens senhoras que num ato de rebeldia extrema
deixaram seus filhos por um final de semana para viajar com as amigas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Faltaram as amigas. Faltaram as amigas! Do café de Paraty
ficou só a saudade – e o coador. Que nunca nos falte tempo para um café com as
amigas, seja onde for.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-870537536746515572014-05-05T05:36:00.001-07:002014-05-05T05:38:11.101-07:00Quando o filho tem insônia<br />
<div class="MsoNormal">
Acordo meio assustada. Tem alguém do lado da minha cama.
Mãe, mãe, não consigo dormir, diz uma vozinha meio triste. Ele passa a mão no
meu cabelo como quem diz “me deixa ficar aqui”. Tem como dizer que não? Meio
sonolenta, olho o celular. São quase três da manhã e ele me diz que não pregou
o olho ainda. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O que deixaria uma criança com insônia? Talvez a ansiedade
por ter que voltar à aula no dia seguinte depois de duas semanas de greve; ou porque
não comeu a pizza que o tio tinha prometido; ou jogou muito videogame durante o
dia (mas isso ele faz sempre). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Abre um sorriso e vai se aconchegando ao meu lado, dividindo
o travesseiro comigo. Abraço aquele pequeno corpo e tento dizer que está tudo bem,
que pode dormir tranquilo, que eu estava ali para protegê-lo. A respiração dele
está acelerada, o coraçãozinho agitado, o corpo inquieto, o pé fazendo movimentos repetitivos como se estivesse ouvindo uma música agitada. Não falo nada. Só
acaricio sua testa. Aos poucos, a respiração vai ficando lenta e o corpo se
estica. Derruba o braço sobre meu rosto. Apagou. <o:p></o:p></div>
Agora, eu é que estou com insônia. Pensando que nem sempre
estarei por perto para fazê-lo dormir.<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-49639863791529710782013-06-19T14:32:00.001-07:002013-06-19T14:36:14.207-07:00Brasileiros vão ter que aprender a usar redes sociais ou terão suas contas excluídas, diz dono do Facebook<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois de ver os absurdos que os brasileiros andam
publicando nas redes sociais, o dono do Facebook , Mark Gutenberg, decidiu
aplicar uma espécie de avaliação aos usuários dessa rede. Assim que se
acalmarem os protestos no Brasil, segundo ele, os usuários serão observados
durante um mês para constatação se estão ou não aptos a usar o Facebook. Ele
disse que agora, no calor dos ânimos, seria injustiça fazer isso, pois muita
gente seria reprovada e ele não quer perder tantos usuários. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os avaliadores verificarão se durante esse período o usuário
cometeu alguma das seguintes gafes:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Postar notícias <i>fake</i>
de sites humorísticos e comentar como se fosse verdade;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Postar notícias ou fotos de mais de dois anos como se
fosse recente e distorcer os fatos;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Compartilhar frases idiotas assinadas por Fernando Pessoa,
Clarice Lispector, entre outros escritores falecidos, ou ainda vivos, mas que
não fazem a menor ideia de quem escreveu aquilo;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Compartilhar posts assinadas por apresentadores de TV,
colunistas de jornalecos conservadores, políticos famosos... que “qualquer um
percebe” que eles jamais teriam dito aquilo;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Compartilhar e defender a opinião de grupos preconceituosos
e reacionários sem se dar conta da manipulação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A lista contempla outros itens que Mark não quis divulgar.
Ele disse que a equipe ainda está formulando a avaliação e que novos itens
podem ser acrescentados. Mark afirmou que por enquanto não vai avaliar os
grotescos erros de português porque isso não é o pior dos males. Ele citou a
frase do poeta nordestino conhecido por Patativa do Assaré “ é melhor escrever
errado a coisa certa do que escrever certo a coisa errada” (fez questão de frisar
que pesquisou em sites confiáveis pra se certificar de que a frase é desse
autor mesmo).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A adolescente de 17 anos, Inocência Winchester da Silva, que
costuma compartilhar tudo o que vê e só lê o título das notícias, não concorda
com a medida. “Esse cara é um babaca. Se ele excluir minha conta eu volto pro
Orkut e ele vai ficar pobre”, ameaça a garota. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Já o pesquisador da área de Engenharia Civil do Instituto
Brasileiro de Pesquisa Superior Aplicada, Professor Doutor Armando Pontes, concorda com Mark mas disse que está com medo
de ter sua conta excluída, pois ele também compartilha coisas sem ter certeza
se é verdade. “Sabe como é né, nessa correria que a gente vive, pressionados
pelo CNPq, muitas vezes não dá tempo de verificar a fonte da notícia (já basta
ter que ficar correndo atrás das fontes das pesquisas) e quando eu concordo com
o título, acabo compartilhando”, argumenta. <o:p></o:p></span></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A estudante de Paisagismo, Margarida Aquino
Jardim, também concorda com a medida, embora ela admita que tenha de mudar seu
comportamento nas redes sociais. “Eu não costumo compartilhar nada que eu não
saiba se realmente é verdade, mas costumo desabafar e, muitas vezes, criticar as
pessoas que fazem isso, o que também não é um comportamento adequado”.</span></span><br />
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Obs. Só para esclarecer, caso alguém não tenha percebido, essa é uma notícia <i>fake</i>. </span></span>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-5957275138464025992013-06-04T18:24:00.002-07:002013-06-05T17:23:18.956-07:00Mentira de pós-graduando<br />
<div class="MsoNormal">
Sim, menti. E agora estou morrendo de remorso. Remorso, não.
Vergonha, eu acho. Pois quando
descobrirem, vou ser chamada de mentirosa e isso vai ser muito feio de ouvir. Aprendi
desde pequena que não se deve mentir. Não me lembro mais quais são os dez
mandamentos, mas acho que em algum lugar na Bíblia diz que mentir é pecado. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Primeiro foi pra prima, depois pra tia e agora pra vizinha. Até
pra vizinha! Por isso fico trancada em casa durante o dia, sem deixar a menor
pista de que tem alguém lá. Sem luz acesa, sem cortina aberta, som alto nem
pensar, muito menos barulho de louça sendo lavada ou algo parecido. Dureza viver assim com esse peso na consciência!<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Qual foi a mentira? Disse que estava trabalhando
normalmente. Muito complicada essa
história de ficar explicando pra parentes e vizinhos que estou “só” estudando. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-28387218256903978132013-04-14T18:43:00.004-07:002016-07-31T09:22:24.732-07:00Apenas uma quadra<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
O sinal abriu para pedestres. Aproveitei para me enfiar no
meio da multidão e atravessar a rua. Decidi ir pelo calçadão, parecia menos
perigoso aquele horário. Quase seis da tarde. Ainda tinha sol. Quer dizer, sol
não, ainda estava dia. Porque sol, nessa cidade, é algo que nunca vi. Mentira,
vi uma vez. No mesmo dia em que me disseram bom dia no açougue e no caixa da
loja de departamentos. Inesquecível! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Enquanto subia, no meio dos que vão e vêm, dois homens em
minha direção, vestidos de tanga vermelha – nada mais – empurravam uma bicicleta
e caminhavam naturalmente. Ambos altos. Um magro, meio barrigudo, outro com
músculos bem definidos. Os dois suavam. E eu sentia frio. Desviei-me deles. Tive
vontade de rir. Na minha terra iam dizer que isso é muito guei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Além de mim, um grupo de 4 ou 5 adolescentes, cabelo caído
nos olhos, observavam os dois tangas-vermelha e riam. Na minha terra iam dizer
que aquele cabelo escorrido também é muito guei. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Muitos andavam apressados, indiferentes aos homens de tanga
ou aos meninos de cabelos escorridos. O engravatado falava ao celular e parecia
preocupado. A senhora loira segurava a bolsa com as duas mãos. Lembrei-me da
minha tia avisando pra eu tomar cuidado. Segurei mais forte a minha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
As lojas anunciavam descontos de até 50%. Melhor não ficar
olhando vitrines. Segui. A multidão me deixava invisível. Ainda bem! Assim ninguém
observava meu tênis encardido, pé vermelho. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A mulher de burca amarelo-ouro parecia procurar algo na
bolsa. Burca aqui? Pra mim isso só se via no oriente médio! Do outro lado, um grupo de tatuados dos pés à
cabeça, vestidos de preto e com pedaços de metal por todo corpo, andavam imponentes
em meio aos apressados. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A senhorinha de olhos puxados e meio corcunda caminhava
vagarosamente, numa ausência misteriosa. Como se sua vida estivesse num outro
compasso. Observei-a. Queria essa calmaria. Mas a vida me apressava, o sinal abriu
e eu tinha de tomar o ônibus. <o:p></o:p></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-80602378649097493022013-03-28T06:13:00.003-07:002013-03-29T11:50:46.198-07:00Bacalhau na Sexta-Feira Santa? Você está fazendo isso errado!<br />
<div class="MsoNormal">
<br />
Toda Semana Santa me lembro da bacalhoada do Sr. José, o mesmo português da sopa de marmita da outra crônica. Incrível, mas ele abria a mão para fazer bacalhau na Sexta-feira Santa – delicioso, diga-se de passagem. Ele, apesar de nunca ter pisado numa igreja, seguia a tradição cristã.<br />
Segundo o cristianismo, na Sexta-Feira Santa, dia em que Cristo foi condenado e crucificado, é dia de sacrifício. Assim, os cristãos não devem comer carne vermelha. Isso porque, na época, a carne era artigo de luxo. Coisa rara na mesa dos mais pobres. Já o peixe era abundante e barato, por isso comum nas refeições dos mais humildes.<br />
Sacrifício comendo bacalhau? Opa, Sr. José e demais “cristãos” que alongam a fila do peixe no supermercado na Semana Santa, acho que vocês estão fazendo isso errado! Qual é mesmo o preço do quilo de bacalhau? Se fosse uma refeição comum na mesa dos pobres, acho que eu saberia.<br />
<br />
<br /></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-63448182076689830372013-02-01T08:15:00.000-08:002013-02-01T09:19:07.923-08:00Desabafo - As mães são culpadas<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Duas mulheres, no ponto de ônibus, conversavam sobre filhos.
O quanto eles dão trabalho. O quanto são exigentes. A pauta do momento era a
compra do material escolar. Uma delas disse, com ares de reclamação e ao mesmo
tempo de ostentação, que gastou horrores. Fiquei chocada quando ela contou que
pagou na mochila, para a filhinha de seis anos, o preço da lista inteira de material que comprei para os meus dois
filhos. Por que uma mochila tão cara? Não era uma mochila qualquer, segundo ela.
Era da personagem que é a moda desse ano. </div>
<div class="MsoNormal">
Mochila: uma espécie de saco, geralmente feita em lona,
costurada, com zíper, algumas divisórias e alças; serve para carregar o
material escolar (e outras coisas). Mas alguém resolve colocar a foto de um
personagem ou algum símbolo esquisito que todo mundo já viu por aí, e o objeto
ganha valor, o preço vai lá nas alturas, trocentas vezes mais que uma mochila
sem dezenhozinho famoso, mas que serve para os mesmos fins. </div>
<div class="MsoNormal">
A filhinha não aceitaria se fosse outra mochila. Tinha de
ser aquela! A outra ouviu e tentou fazer de conta que o problema dela era ainda
maior. O filhinho mal sabe falar, mas já exige as coisinhas dele. Coisinhas de personagenzinhos também. </div>
<div class="MsoNormal">
Ali do lado, engolia minha vontade de me meter na conversa. Como
assim exige? Não aceitaria outra? Desde quando os filhos é que dão ordens às
mães para comprarem o que eles querem? Infelizmente, a julgar pelo que tenho
visto, faz um bom tempo que isso vem acontecendo e a coisa só tem piorado. O
que mais me incomoda é a naturalidade como as mães falam disso e, pela forma
como se expressam, vêem nessa atitude certo <i>status</i>.
“Olhem só, faço parte do grupo de mães que compram as mochilas mais caras para
suas filhas. Eu sou foda!”. E mais. “Não vou deixar que a minha filha faça
parte do grupo de filhas que tem as mães que não compram mochilas da moda!”</div>
<div class="MsoNormal">
Fico indignada quando vou ao comércio e vejo crianças birrentas
e pais e mães fazendo todas as vontades dos reizinhos. Sou mãe e, certamente,
tanto eu quanto meus filhos somos influenciados pelo mundo consumista. É difícil
sair ileso desse bombardeio capitalista. Mas, não sei se é porque sou “a cara
da pobreza” ou é reflexo do “<i>bulling</i>”
que sofri quando era adolescente e não tinha nada igual ao que os outros tinham
(e não me fez falta) que me revolto quando vejo a necessidade mortal que os
pais de hoje tem de atender as exigências dos filhos, mesmo que fiquem endividados.
Criar um filho já não é tarefa fácil. Torna-se bem mais complicado quando deixamos
que ele dite as regras.</div>
<div class="MsoNormal">
Sei o quanto é difícil ignorar os comerciais bonitinhos nos
intervalos dos desenhos animados. Sei como é seu filho chegar te pedir algo e
dizer “mas todo mundo tem, mãe”. Felizmente, passei por isso poucas vezes, mas
sei. A resposta, bem clichê: você não é todo mundo! É isso que tenho procurado
passar aos meus filhos: eles não são todo mundo. <b>N</b>ão precisam usar a roupa da marca x (eles já passaram da fase de
pedir mochila da galinha pintadinha, ainda bem) para serem especiais. Tem
funcionado. E, quando ainda parece que não entenderam o primeiro recado, uso
outra tática que funciona perfeitamente. Explico, educadamente, que quando eles
estiverem trabalhando e ganhando o dinheirinho suado deles, podem comprar o que
quiserem. Por enquanto, quem decide de onde sai e pra onde vai o dinheiro sou
eu. Penso que eles não vão me amar menos por causa disso. E também não vão ficar
traumatizados por não terem o que todo mundo tem. Muito pelo contrário. Vão
aprender a dar mais valor nas pessoas e não nas coisas que elas têm. Pelo menos
é o que eu, uma mãe utópica, vivendo num mundo dominado pelo consumismo,
espera. </div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-55081093918632697252013-01-20T08:39:00.002-08:002013-01-20T09:02:53.489-08:00Bloqueio criativo? Existe sim. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ZF1rPIBogwY/UPwdop0xFTI/AAAAAAAACJU/lcLehO90AIY/s1600/escrev.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ZF1rPIBogwY/UPwdop0xFTI/AAAAAAAACJU/lcLehO90AIY/s1600/escrev.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Estava no meio da
entrevista. Depois de ter sido bombardeada pela outra professora – a minha
terceira opção – que tinha cara de boazinha, mas era, na verdade, uma
torturadora sem ressentimentos, finalmente ouvi a voz do meu quase futuro
orientador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">__ Gostaria que você falasse um pouco sobre sua atuação como
blogueira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Hã? Como assim? Ai, meu Deus, ele lê meu blog! Ele vê as
besteiras que escrevo!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Ele ainda complementou a pergunta. Disse algo sobre a minha
relação com a literatura nas redes sociais, eu acho. Não me lembro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Esperava qualquer pergunta, menos essa. Mas, se ele
perguntou, queria mesmo que eu respondesse. Não me recordo do que disse. Estava
muito nervosa para me lembrar de qualquer coisa que eu tenha falado naquele
momento. Devo ter respondido o óbvio. Só me lembro de ter ficado cutucando minhas
unhas – isso sempre me acalma quando estou impossibilitada de tacar os dedos na
boca e roê-las todas, até sangrar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Fiquei imaginando que meu orientador – agora oficialmente -
lia meus textos e ficava analisando cada vírgula das minhas crônicas. Parei de
escrever! Melhor deixar que pensem que você é idiota do que publicar seus
textos e não restar dúvidas (ouvi algo parecido em algum lugar). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Na verdade, mais alguns acontecimentos me fizeram fugir da
escrita. Dias antes da entrevista, tinha participado de uma oficina de crônicas
com um escritor famoso e ele me
fez acreditar que meus textos não chegam aos pés dos seus. Talvez sem intenção,
mas fez! A partir desse dia parei de escrever para o jornal que publicava
minhas crônicas toda semana. Decidi ficar
só com o blog. Pelo menos aqui é um espaço para o qual vem quem quer, ao contrário
do jornal onde minhas crônicas saiam junto com outras publicações tão
importantes, como as notas de falecimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Outra coisa que me afastou da minha “produção literária” foi
o fato de eu ter parado de lavar a louça. Fiquei um tempo com a mão machucada e
descobri que meu filho, quando pressionado e chantageado, faz esse serviço
direitinho. Deixei que ele continuasse mesmo depois que a mão sarou. Mas o que
isso tem a ver com escrever? Explico. Cada escritor tem sua maneira de
produzir. Alguns se sentam em frente ao computador e escutam Pink Floyd
enquanto olham para a tela em branco; outros fumam e tomam coca-cola
compulsivamente; outros, ainda, só conseguem pensar no silêncio da madrugada. Eu
produzo enquanto lavo louça. Não que eu seja, assim, uma escritora, mas é como
as ideias surgem para mim: ao esfregar os pratos!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Meu filho está viajando e já faz quase um mês que estou
sendo forçada a fazer terapia para curar meu bloqueio criativo. E que se dane
se meu orientador pensar que escrevo besteiras! Quanto ao cronista fodão da Folha e da Uol,
ele não vai ler meus textos mesmo. Acho que estou curada, por enquanto. Filho,
volte logo! Não aguento mais lavar louça. </span><o:p></o:p></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-60379789079959254132012-10-20T20:51:00.000-07:002013-01-20T09:00:42.602-08:00Desculpa, meus amigos. Não assisto novelas<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então, eu, inocente, acreditava que com a chegada da
Internet, TV a cabo com trocentos canais, somado à reclamação geral de falta de
tempo até para ir ao mercado, as novelas da Globo estariam com os dias
contados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Doce ilusão! Isso é
como uma praga. Não tem como escapar. Até quem nem tem Globo em casa (por
opção) é obrigado a saber o que está acontecendo nas benditas novelas. E um dos
motivos é porque toda hora tem um amigo diferente comentando na rede social o “desenrolar
da trama”. Fazer o que? Não assisto novelas, mas gosto de redes sociais. Vícios
são vícios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Quando era adolescente adorava os folhetins. Passava boa
parte das minhas noites em frente à TV. Sentava às seis e levantava lá pelas
dez. Hoje acho que foi uma tremenda perda de tempo. A maioria dos meus amigos discorda,
eu imagino, pois até hoje fazem isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Quando era criança não sabia o que era novela. Tinha uma vaga
ideia do que era televisão. A primeira
novela que vi foi Tieta, quando tinha onze anos. Andava, todas as noites, um
bom trecho, cheio de buracos e matos. O caminho iluminado por uma fubica
(fubica, pra quem não sabe, é uma espécie de lanterna feita com vela e lata de
óleo). Ia com minha vó - eu morava com ela na época - ao sítio vizinho com o
único objetivo de ver Tieta. Os donos do sítio eram a elite da região porque
tinham TV. Uma Telefunken 14 polegadas, em preto e branco, claro. Na hora da
novela, alguém tinha de ficar girando a antena para conseguirmos decifrar alguma
imagem em meio aos chuviscos. Mas ficávamos lá estáticos. Extasiados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">No ano seguinte mudei pra cidade. Finalmente, “luz” em casa
(não, eu não sou tão velha!). E, entre comprar um fogão novo, uma geladeira,
colocar vidros nas janelas de casa, ou comprar um chuveiro que esquentasse
direito, decidimos que a televisão era mais urgente. Pra nossa alegria, meu pai comprou logo o
aparelho. Usada, é claro. Tínhamos de ligar uma hora antes da novela pra ela ir
esquentando. Mas funcionava. A imagem era até melhor que a da Telefunken da
vizinha da minha vó. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">As novelas me acompanharam por um bom tempo. Mas, em um
determinado momento – nem me lembro quando, acho que foi quando comecei o curso
de Letras – descobri que tinha muita
coisa interessante pra se fazer das seis às dez – e todos os dias. Lógico que foi
um pouco difícil entender que estudar semântica, linguística, latim, teoria
literária, ler romances e poemas poderiam ser mais interessantes. Acho que meus
professores tiveram um pouco de culpa pela minha indiferença às novelas hoje.
Imaginem que eles viviam repetindo que quem ficava acompanhando novelas era
alienado. É, devo ter internalizado isso de alguma forma porque ás vezes me pego dizendo essa frase aos meus filhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Hoje, quase não tenho tempo de ver TV. E quando “sobra” um
tempinho, tenho uma infinidade de canais à minha disposição (pago,
infelizmente) e vejo como um completo desperdício de tempo, dinheiro, visão,
audição, e outras coisas mais... assistir às novelas da Globo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><i>Sorry, my friends</i>!
Plagiando a frase do meu irmão: “Às vezes fico sem ter o que conversar. Não
assisto novelas!” </span><o:p></o:p></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-51116524235675917642012-09-22T15:23:00.000-07:002013-01-20T08:50:21.867-08:00To falido - poema do Vitor selecionado no Festival Poético<br />
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-xrYJg4yiDAI/UPwgHvcFxWI/AAAAAAAACJk/oBAzCNSBCZI/s1600/vitor.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-xrYJg4yiDAI/UPwgHvcFxWI/AAAAAAAACJk/oBAzCNSBCZI/s320/vitor.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: large;">O resultado da vigésima oitava edição do Festival Poético de Cornélio Procópio saiu na semana que o Vitor (meu filho) fez 9 anos. E ele, pela segunda vez consecutiva, ficou entre os três primeiros da idade de 7 a 10 anos, categoria outras cidades. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Orgulho de ter um filho com essa veia poética! </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b>
<b><br /></b>
<br />
<span style="font-size: large;"><b>To falido</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">To pobre, sem dinheiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Parecendo um brasileiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Assaltei o leiteiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Acabou a água do chuveiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Fui morar no bueiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">E agora?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Falta mais o que <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">pra me enlouquecer?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Não tenho dinheiro o suficiente <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;">Pra comprar uma escova de dentes</span><o:p></o:p></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-90738103283120533642012-09-09T09:13:00.002-07:002012-09-09T14:24:56.040-07:00De repente, candidato<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
O Sr. Floriano acordou um dia inspirado e pensou que seria
bacana ser prefeito de Itabiboca e decidiu ser candidato. Mas como não tinha
muita experiência nessa coisa de sair pedindo votos, ouviu os conselhos da
mulher e contratou o Pescoço para ser seu coordenador de campanha. Pescoço
conhecia todo mundo na cidade e sabia mentir como ninguém. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__Então, o que temos para hoje, Pescoço?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Iremos pedir votos para os moradores do Santa Mônica. É aquele conjunto novo lá na saída. Lá vai ser fácil passar a
conversa. Arruma um tênis velho, uma calça rasgada e encardida e coloca um
boné. Vamos pegar o golzinho do Marcão. É bem capaz que ele estrague por lá e
isso será muito bom pra nós. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sr. Floriano continuou atento às dicas do seu assessor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__Abrace todas as mulheres e criancinhas. Beije-as se não te
der nojo. Depois você enxagua a boca com álcool. Se te oferecerem café ou
chimarrão, aceite. Se te convidarem para entrar, entre. Ouça as histórias das
velhinhas. Eu sei que muitas delas nem votam mais, mas podem convencer os
filhos e os netos. Para as mães você
promete creche 24 horas; para as velhinhas, você diz que vai aumentar o número
de médicos e horários de atendimento no postinho e não vai deixar faltar
remédio. Para os senhores aposentados, diga que você vai construir uma quadra
de malha e vai por umas mesas na pracinha pra eles jogarem truco e beberem uma
pinguinha; para aqueles piás ranhentos que ficam na rua o dia inteiro, diga que
você vai construir um campo de futebol e vai dar bolas de graça (eles não
votam, mas os pais votam). Ah, vamos levar uns pirulitinhos pra eles. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Quantos eleitores deve ter por lá? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Vamos fazer as contas. Umas quinhentas casas. Em média
quatro eleitores por casa (as casas são pequenas, mas as famílias são
grandes!).Uns 2000 eleitores. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__Hummm<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Mais uma dica: tente
conquistar os donos do mercadinho. Se eles ficarem do nosso lado é batata!
Dizem que além de alimentos, eles vendem drogas e, por isso, mandam no bairro.
E se mandam, é porque tem gente que obedece. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-49438271159247062322012-08-27T17:28:00.002-07:002012-08-27T17:28:26.429-07:00Ficando velha, ficando chata<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando percebi, estava reclamando para o segundo
desconhecido do quanto estava cansada e do quanto era penoso ficar trabalhando
de cedo à noite, sem jantar e sem tomar banho, e que nem era pra eu estar lá, e
que ninguém nem se lembrou de agradecer, e que... Parei de falar quando me dei
conta de que nem eu mesma estava aguentando ouvir minha própria voz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A palestra estava para começar e, pelo menos, o tema parecia
interessante. Fizeram questão de me avisar que a palestrante era quase uma
pós-doutora. Não sei foi para deixar bem claro o distanciamento que existe entre
nós, pobres mortais, e ela, ou se era uma espécie de aviso para ficarmos
atentos, pois uma quase pós-doutora poderia ter exigências bastante
específicas. Lembrei –me de uma celebridade, num outro evento, que na última hora resolveu pedir que
providenciássemos algodão cor-de-rosa. Claro. Tão fácil conseguir algodão
cor-de-rosa no início da noite!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas a palestrante quase pós-doutora foi muito simpática e
não exigiu quase nada. Só pediu uma cadeira para se sentar. Achei estranho. Estamos acostumados com
palestrante que falam com a voz e com o corpo. Que andam, mexem os braços, se
aproximam da plateia... Assistir a uma
palestra onde o palestrante fala sentado não me deixa muito confortável. Mas,
enfim, vai que ela tem algum problema de saúde, pensei. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ela pediu para usar o projetor multimídia, mas trazia uma
pilha de papel, que colocou sobre a mesinha do lado da cadeira em que se
sentou. Começou a falar. Com uma voz suave e sempre no mesmo tom, foi lendo, a
princípio, as legendas das imagens do telão. Lindas imagens! Fiquei encantada.
Mas, terminando as imagens, ela pegou a pilha de papel e começou a ler, página
por página. Começou a leitura assim: “no bairro onde eu moro...”. A princípio
pensei que se tratasse de uma crônica ou de um conto. Mas não. Era a palestra!
Eram as experiências da palestrante numa folha de papel narrada em primeira
pessoa. Olhei para o lado, alguns amigos com uma cara de “sério que ela vai ler
tudo aquilo?”. E ela continuou. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aquela voz de contadora de história juntou-se ao meu cansaço
e não deu outra: cochilei. Fiquei lutando com Morfeu. Ora, ouvia a palestrante
lendo suas experiências, ora trechos de poemas de Drumond, ora trechos de
romance de Jorge Amado... De repente já estava ouvindo professora que me
esculachou no corredor por causa da greve (como se a culpada fosse eu!) e o meu
filho reclamando porque eu não parava mais em casa. Não sei o que foi real e o
que foi sonho. Acho que os trechos dos romances de Jorge Amado ela realmente
leu. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Devo ter acordado no final quando começaram a fazer
perguntas e ela respondeu sem ler. Descobri que ela era muito inteligente e
sabia ser espontânea quando queria. E tinha um sorriso muito bonito!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ao final, alguém comentou que a palestra foi maravilhosa.
Devo estar ficando velha e chata mesmo. Saí de lá com uma dúvida cruel: será
que só eu dormi? <o:p></o:p></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-62693077159711707092012-08-19T06:22:00.001-07:002012-08-19T06:38:17.354-07:00Aniversário duas vezes ao ano, como? <br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-l_rY-P55VqU/UDDoiYXIIjI/AAAAAAAABhQ/E0GYstTAzvI/s1600/donald_bolo_aniversario.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="261" src="http://1.bp.blogspot.com/-l_rY-P55VqU/UDDoiYXIIjI/AAAAAAAABhQ/E0GYstTAzvI/s320/donald_bolo_aniversario.gif" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Atualmente,
quando nasce uma criança, em alguns lugares é possível fazer a certidão de
nascimento já na maternidade. Mas nem sempre foi tão fácil assim “registrar”
uma pessoa. Houve um tempo – não muito distante – em que os pais demoravam
meses ou até mesmo anos para fazer a certidão de nascimento dos filhos. O
agravante dessa demora não era apenas o fato da criança não existir
oficialmente. O problema é que até pouco tempo atrás, os pais que atrasavam
para registrar seus filhos tinham de pagar multa pelo atraso. Então, para se
livrarem da multa, mentiam sobre a data de nascimento do filho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É comum
encontrarmos entre os mais antigos (não tão antigos assim) pessoas cuja data de
nascimento real não coincide com a data de nascimento que consta na certidão. Já
ouvi muitas histórias de amigos que têm esse probleminha e ficam confusos com a
data do próprio aniversário. Na certidão de batismo consta uma data, na
certidão de nascimento outra e, em alguns casos, os pais ainda dizem que é uma
terceira. O lado bom disso é que podem
comemorar o aniversário mais de uma vez ao ano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sempre que
chega o mês de agosto me lembro dessas histórias porque esse mês me deixa
confusa também. No início da segunda
quinzena começo a receber parabéns. Aí me lembro de que todos meus documentos
dizem que meu aniversário é em agosto. Mas meu pai e minha mãe juram de pés
juntos que nasci em março. Como sou da geração pós-multa e de uma época em que
as coisas já estavam um pouco mais fáceis (já tinha jipe para ir à cidade)
minha história não é a mesma das pessoas que mentiram para não pagar multa.
Segundo meu pai, eu fui registrada com a data certa. Mas logo minha certidão
desapareceu e ele precisou providenciar uma segunda via. A segunda via saiu com
a data errada. Só fomos perceber isso quando precisei fazer a identidade. Aí
ficou tudo errado. Pelo menos meu nome está certo. Porque já ouvi cada história
de pais que chegavam ao cartório e, além de mentir a data de nascimento,
confundiam o nome dos filhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Antes eu
perdia um tempão dando explicações sobre as minhas datas de nascimento. Agora
comemoro meu aniversário duas vezes ao ano: em março com a família e em agosto
com os amigos do trabalho e com outras pessoas que por algum motivo tiveram de
consultar meus documentos. O lado triste disso (só comecei a me incomodar com
depois dos trinta) é sermos lembrados duas vezes por ano que estamos
envelhecendo. <o:p></o:p></span></div>
Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-52072734633047476702012-08-06T09:48:00.002-07:002012-08-06T09:48:38.840-07:00Enfim, fim de férias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-T_hU9mssg_A/UB_0mvquL6I/AAAAAAAABao/UDB2i32maUo/s1600/bigphoto_0.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-T_hU9mssg_A/UB_0mvquL6I/AAAAAAAABao/UDB2i32maUo/s1600/bigphoto_0.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Logo nos
primeiros dias das férias escolares, todas as manhãs, antes mesmo das oito
horas, lá estava o filho do vizinho berrando no portão, chamando meu filho. Não
contente em me acordar, ficavam o resto do dia virando a casa de cabeças para o
ar e apostando quem me irritava mais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No terceiro dia
já estava com minha paciência esgotada. Quando ouvi o grito do menino, levantei
rápido, abri porta com força e gritei “cai fora daqui, piá chato!”. Meu filho,
que estava do meu lado, olhou para mim espantado. “Não precisava ter falado com
ele daquele jeito”, disse com uma voz de medo e vergonha. “E você fica quieto,
senão vai ficar de castigo”. Respondi tentando lembrá-lo da minha autoridade de
mãe. Castigo é quase uma palavra mágica. Ela quase sempre põe fim entre uma
discussão entre mãe e filho. Quase. “Mas eu não fiz nada”, retrucou com ares de
injustiçado. E saiu resmungando algo que não entendi direito, mas parecia ter
dito que eu era muito chata.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não disse
mais nada. Só olhei para ele com aquele olhar de que seja o que for, mãe sempre
tem razão. Aprendi essa verdade inquestionável com a minha mãe. Lembrei-me de
quando ela vivia expulsando minhas amigas que iam me chamar para brincar.
Passei tanta vergonha que prometi para mim mesma que quando fosse mãe não ia
fazer isso com meus filhos. Mas, o tempo passou e agora eu estava na posição
inversa. E aquele menino não tinha nada que ficar me enchendo antes do café da
manhã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Talvez tenha
exagerado um pouquinho. Depois fiquei pensando que o menino poderia ficar
traumatizado. São tantas coisas que psicólogos e pedagogos colocam nas nossas
cabeças! Fiquei até com medo do pai dele me processar. Na época da minha mãe,
ela chamava minhas amigas de tudo quanto é nome feio e ficava com a consciência
tranquila, mas os tempos são outros. Pensei em falar com o menino. Dizer que
ele podia voltar no dia seguinte, mas não tão cedo. Porém, o moleque não
apareceu mais naquele dia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fui dormir
aliviada achando que não acordaria com os gritos dele. Mas, aquela mente
vingativa teve tempo de sobra para elaborar um plano maligno contra mim. Reuniu
todos os meninos da vizinhança e os convenceu a acordarem cedo e fazer
companhia a ele. Não, eles não foram chamar o meu filho. Foi bem pior. Era
pouco mais de sete horas, quando acordo com um barulho infernal. Era um <i>tec-tec-tec-tec</i> irritante em frente à
minha casa em meio a conversinhas e risinhos de moleques. Abri a Janela para
espiar. Tinha uma meia dúzia de meninos. Cada um com um objeto pendurado na
mão. Duas bolinhas unidas por um cordão que batiam uma na outra produzindo
aquele som azucrinante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Resolvi
permitir que todos jogassem videogame na minha casa. Desde que mantivessem
aquele brinquedinho esquecido pelo resto das férias. Mesmo assim, algumas vezes
ainda cheguei a pedir, educadamente, para não traumatizar ninguém, que
enfiassem aquela porcaria no lugar onde o sol não bate, senão eu ia fazê-los
engolir aquelas bolinhas sem direito à agua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para a
felicidade das mães, as férias de julho
duram pouco. E nos últimos dias de férias não me lembro de ter ouvido ninguém
usando o tal brinquedo. Não sei se esqueceram das bolinhas ou se eu estava tão
preoocupada com meus problemas sentimentais, políticos, sociais,
trabalhistas... que não me deixei afetar pelo barulhinho chato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-73317612920060824682012-07-28T11:15:00.002-07:002012-07-29T18:21:54.960-07:00Grevistas perdidos<br />
Quase todo mundo que está de fora acha que fazer greve é só alegria: folga, festa... Às vezes é isso mesmo, depende da maneira como os fatos são encarados. Uma viagem de protesto à Brasília pode ser vista com um grande sacrifício em nome da categoria, ou uma grande diversão. Como se não bastasse os servidores públicos federais estarem sem rumo por conta da ignorância do governo, alguns ainda se perdem, literalmente, quando tentam fazer algo para pressionar quem deveria dar um direcionamento.<br />
Era quase duas da manhã e o ônibus continuava circulando. Passando por lugares que aparentemente já tinha passado, embora eu não tivesse certeza pois, depois dos últimos acontecimentos, não tinha certeza de mais nada. A confirmação veio do andar de baixo do busão. “O motorista está um pouco perdido”, disse o companheiro que subiu para dar a notícia. Um pouco ou muito perdido, que diferença isso faz mesmo? Pelo menos sabíamos que estávamos em Goiânia, apesar de eu estar achando aquela cidade muito parada para uma capital. Não se via uma alma viva ou um carro na rua!<br />
O ônibus estragou na rodovia. Alguma peça nele estava esquentando demais e o veículo não aguentaria rodar por muito tempo. Diante da situação, paramos para fazer uma assembleia (servidor público adora assembleia) e deliberamos por procurar um hotel em Goiânia. No dia seguinte, arrumariam o carro e seguiríamos viagem. Mas, encontrar um hotel numa cidade desconhecida àquelas horas e que coubesse mais de 30 pessoas não era tarefa das mais fáceis. E ainda tinha de ser um hotel barato.<br />
Perguntaram se os passageiros conheciam alguém em Goiânia que pudesse nos ajudar. Felizmente, várias pessoas responderam que sim. Quando começaram a citar o nome dos conhecidos, percebi que não me eram estranhos: Leonardo, Bruno e Marrone, Jorge e Mateus, Guilherme e Santiago, João Lucas e Marcelo... Inúmeras as opções, mas os apreciadores do rock and roll (a maioria no ônibus) se recusaram a pedir ajuda para duplas sertanejas. E assim continuamos a procurar um hotel.<br />
Comecei a ficar com medo, pois o ônibus estava entrando em uns becos muito estranhos. Passamos em frente a uns “dormitórios” que pareciam cenário de filme de terror. Algo me dizia que se resolvêssemos dormir ali íamos dar de cara com o Jack, o Estripador no meio da madrugada. Acho que era o cansaço!<br />
Agora estávamos em frente a um hotel chamado Cabiúna. O hotel aparentemente era bom, mas não quiseram parar ali porque precisávamos de espaço para 32 pessoas e, segundo uma companheira, ali só cabia “una”. Essa foi mais uma das piadinhas da noite. A galera do busão continuava animada e fazendo piadinha de tudo, o que me fez lembrar de um verso da música do Frejat : “rir de tudo é desespero”.<br />
Depois de muita procura, finalmente um hotel com espaço e preço “adequados”. Não era, assim, um cinco estrelas, mas pelo menos tinha banheiro. O que era muito confortante já que a maioria dos viajantes estava há, pelo menos, três dias sem tomar banho. Estava tão cansada depois da longa viagem de ida, da marcha embaixo do sol escaldante de Brasília e da tentativa frustrada de retorno, que cai na cama e apaguei. Nem ouvi o povo roncando, colegas matando baratas ou incomodados com as pulgas.<br />
No dia seguinte, descobri que Goiânia era legal. Tinha gente! E eles eram simpáticos. Nossa previsão de voltar às 8h se estendeu para as 18h. Alguém deve ter ouvido errado. Acho que teríamos ficado mais uma noite se não fosse pela corajosa companheira que entrou no carro do dono da empresa de transportes e foi conferir<i> in loco</i> o que estava acontecendo com o busão que não ficava pronto nunca. Depois ela ficou conhecida com a primeira dama do transporte goianense, mas isso é outra história.<br />
Foram tantos acontecimentos em Goiânia que até esqueci o que tínhamos ido fazer em Brasília e, quando, finalmente, conseguimos entrar no ônibus para voltar, estava me sentindo como o João do Santo Cristo. Não consegui o que queria. Queria mesmo era falar com a presidenta pra ajudar toda essa gente... Mas, de longe, ela deve ter nos ouvido, porque o barulho foi grande. Ou pelo menos a sua amiga, a Arrogantíssima Ministra do Planejamento, deve ter escutado, já que em frente a esse ministério o barulho foi maior.Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-57872323055815039542012-07-27T12:28:00.000-07:002012-07-27T17:45:10.160-07:00Só o amor não basta<br />
<div class="MsoNormal">
<i>Aviso: esse post é um desabafo. Algo muito pessoal, por isso, se não gostarem de coisas piegas, não leiam, hahaha.</i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ontem lia uma frase que dizia mais ou menos assim: para não
chorar, vou gostar de quem gosta de mim. Interessante, mas tem dois problemas
aí. Primeiro: parece tão simples escolher de quem gostar e sabemos que não é.
Segundo: quem disse que não choramos quando gostamos de quem gosta de nós? </div>
<div class="MsoNormal">
Sempre ouvi dizer que o amor supera tudo, que quando duas
pessoas se amam elas enfrentam os obstáculos, as diferenças... Também não
acredito mais que isso seja verdade. Espero mudar de ideia um dia. Tomara que
essa opinião seja uma coisa momentânea, frustração de fim de relacionamento.</div>
<div class="MsoNormal">
Por falar em fim de relacionamento, cada pessoa encara isso
de uma forma diferente. Mas todo mundo sofre. Entre escrever e cortar os
pulsos, preferi escrever. Desabafar faz bem. Mesmo que seja para a tela do
computador. Ordens médicas, rsrs.</div>
<div class="MsoNormal">
Não é uma novidade. Já passei por outros “fins”, mas nenhum me
deixou tão pessimista em relação a recomeçar qualquer coisa. É difícil entender
quando um relacionamento chega ao fim não porque o amor acaba, mas porque
algumas coisas parecem ser mais fortes que o amor. Isso é muito triste. Nós
somos tão fracos que deixamos que o egoísmo, as diferenças, superem tudo e por
isso sofremos, sofremos. É mais triste quando sabemos que a outra pessoa também
sofre, mas apesar de querer estar junto prefere acreditar que é melhor a
separação. </div>
<div class="MsoNormal">
É a vida! As coisas não são como num conto de fadas. Finais
felizes não existem. </div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-65300915739342307982012-07-22T17:29:00.002-07:002012-07-22T17:29:26.830-07:00Não era uma bolsa qualquer<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">As letrinhas vermelhas na vitrine da loja com a palavrinha
mágica - promoção - me convidavam para entrar. Não era uma loja qualquer. Era
aquela loja que tinha umas bolsas lindas que custavam o que o meu salário não
era capaz de pagar. Mas agora, dizia o recado na vitrine, as bolsas estavam
pela metade do preço. Bolsas, 50% <i>off</i>,
era o que estava escrito. Não sei porque, sempre em inglês. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Entrei. Estava mesmo precisando de uma bolsa. Mulher sempre
precisa de uma bolsa nova. Aliás, de sapatos também. Fiquei meio perdida dentro
daquela loja chique. Lojas chiques não me deixam muito à vontade. A vendedora
me olhando com aquele sorriso falso. Pobre, não consegue disfarçar que é pobre.
É uma marca que carregamos para todo lugar, como dizia um amigo, até no jeito
de andar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mesmo pela metade do preço, as bolsas ainda estavam muito
caras. Olhei, olhei. Peguei uma para ver com as mãos. Abri, fechei, olhei todas
as divisórias. O tamanho era ideal para quem, como eu, enfia tudo e mais um pouco
dentro da bolsa. A vendedora disse “essa está muito barata!”. Ela deve ter
desconfiado que eu estivesse mesmo procurando a mais barata. E continuou “ela
não é uma bolsa qualquer”. E disse a grife da bolsa como se fosse a coisa mais
incrível do mundo, e pela metade do preço! Eu tentei fazer uma cara de naturalidade.
Não podia deixar que ela percebesse que aquela bolsa custava a metade do meu
salário. Sabia que aquela era uma marca famosa. Tinha visto em, pelo menos,
dois filmes. Concordei com a vendedora quando ela disse que eu não podia perder
aquela oportunidade. Peguei a bolsa novamente. Coloquei no ombro. Olhei para o
espelho. Olhei para a bolsa. Depois para a vendedora. Depois, para a bolsa de
novo... Aquele momento que antecede uma grande decisão. Não dava mesmo para
perder aquela oportunidade. E ainda podia parcelar no cartão de crédito em
suaves prestações. Na hora nem me toquei que ficaria um ano pagando a bendita
da bolsa. Comprei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando cheguei em casa e fui namorar mais um pouquinho meu
novo presentinho, abri o guarda-roupa e descobri que não tinha nada para vestir
que combinasse com a bolsa nova. Mas, e daí? Aquela bolsa caríssima tinha
obrigação de combinar com tudo. Decidi que ia usá-la com qualquer roupa.
Lembrei-me do meu namorado, falando do tal “custo-benefício”. Dizia ele que se
uma coisa custa caro, ela tem de ser usada bastante para valer a pena. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A primeira vez que saí com a bolsa nova no meu bairro, doida
para que alguém percebesse que eu estava com ela, minha amiga, muito
gentilmente, disse que adorou minha bolsa. Mas acabou com a minha alegria
quando perguntou se eu tinha comprado no camelô. Ela disse que tinha uma
parecida lá. Fiquei com vergonha de dizer onde tinha comprado. Disse a ela que
comprei numa lojinha no centro e comecei a me arrepender da minha compra.
Depois de uma semana com a bolsa, descobri que ela era pesada demais e que as
alças eram muito duras. Devia mesmo era ter comprado a de R$19,00 no camelô, se
não gostasse, pelo menos não ia me sentir tão culpada pensando nas 12
prestações que tinha para pagar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para ajudar na minha tomada de consciência, olho para a tela
do computador e vejo uma citação de Marx que alguém postou na rede social. Era
algo sobre como o capitalismo deixa as pessoas endividadas com aquilo que elas
não precisam. Tudo bem que Marx disse isso há um tempão, mas ele tinha razão. Tarde
demais! Quem sabe me lembre disso da próxima vez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-9981899617920309302012-07-07T14:46:00.001-07:002012-07-07T14:47:59.544-07:00Pra ganhar a eleição vale tudo?<br />
<div class="MsoNormal">
Ela se aproximou de mim rapidinho com o olhar de quem tinha
uma fofoquinha básica, urgente, para me contar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__Amiga, lembra daquele político charmoso, bonitão que te falei?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__Sim, sei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Então, ele foi lá em casa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__Ok, agora me conta uma novidade! Sim, porque dizer que
políticos foram nos visitar nessa época é a mesma coisa que olhar para o céu
com nuvens escuras e dizer que pode chover mais tarde. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ela fez uma cara de que percebeu meu mau humor (não costumo
falar com minhas amigas assim, com tanta sinceridade), mas continuou empolgada
contando sua história.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Menina, ele me adicionou no Facebook, disse que ia tomar
um café comigo...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Continuei em silêncio e ainda esperando alguma novidade. Agora
eles descobriram que as redes sociais são ferramentas eficientes na briga pelos
votinhos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Há dias ele vinha falando comigo no <i>face</i>. Perguntou quando eu ia
estar sozinha para ele ir me visitar. Achei estranho né...Por que ele queria
que eu estivesse sozinha? Mas tudo bem. Não acreditei muito que ele ia, mas, na
terça-feira, à noite, não é que o homem apareceu! Ai, amiga, ele é tão simpático! Fala umas
coisas tão bonitas... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Continuei ouvindo, com uma vontade enorme de interrompê-la e
dizer algo do tipo “acorda, criatura, esse homem só quer seu voto”, mas ela nem
me deixou falar. Mulher carente, às vezes é um alvo muito fácil. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Aí, ele me abraçou e ficou um tempão falando comigo e
segurando a minha mão... Perguntou sobre a minha vida pessoal. Começou a me
elogiar. Disse que eu era bonita, inteligente, esforçada, gentil... e, amiga,
começou a me fazer umas propostas indecentes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Sério! Mas ele não é casado?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Não, não. Ele se separou. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Estranho! Vi recentemente no jornal uma foto dele ao lado
da esposa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Ah, sabe como é né... Na política, esse negócio de
família é muito importante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
__ Entendi. Quer dizer, não entendi não. Mas, deixa pra lá. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ela me contou em detalhes o que o político bonitão tinha
dito naquela noite e as conversas entre os dois que antecederam aquele
encontro. Algumas mulheres tem essa necessidade de compartilhar tudo com as
amigas. E, coitada, ela realmente acreditou que ele ia levá-la para tomar um
vinho depois da eleição. Enquanto ela ia falando, lembrei-me de uma reunião
política que participei uma vez, na qual o coordenador da campanha aconselhava
os cabos eleitorais e os candidatos. Ele dizia, aparentemente sem nenhum peso
na consciência: “Pra ganhar a eleição, meus amigos, vale tudo!” <o:p></o:p></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-84511365880894814602012-06-30T12:55:00.002-07:002012-06-30T12:55:56.969-07:00Honestidade dá audiência<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
O bilhete escrito
pelo taxista aparecia na foto junto com R$10,00 e um cartãozinho da empresa de
taxis. A foto imediatamente se espalhou pelas redes sociais chegando a milhares
de pessoas que pareciam não acreditar num gesto tão nobre. No bilhete, o
taxista explicava o porquê dos R$10,00. A cliente teria pago a corrida que
custou R$120,00 com R$150,00 e ele devolveu de troco apenas R$20,00. Estava
pedindo desculpas e devolvendo o restante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Comovidos com tal atitude, os internautas faziam questão de
compartilhar e comentar elogiando o feito e escrevendo expressões como “Ainda
há esperanças!”. Isso me trouxe à memoria outros casos parecidos que fizeram
sucesso na mídia há algum tempo: o faxineiro que devolveu uma maleta com
dólares que encontrou no aeroporto; o aposentado pernambucano que devolveu
R$160,00 que encontrou no quintal da sua casa; o motorista de ônibus que
encontrou R$70.000,00 e devolveu à passageira... Todos, atos heroicos. Dignos
de “ohhhhs”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas por que mesmo que ficamos tão extasiados quando vemos
fatos como esses serem noticiados em rede nacional? Por que consideramos esse
tipo de atitude como um fato extraordinário, um ato heroico? Não estamos
acostumados com a honestidade. Não é o que acontece normalmente, então, quando
acontece, vira notícia! Parece-me que há uma inversão de valores. O que deveria
ser normal, corriqueiro torna-se um fato raro. Crescemos acreditando que é um
processo natural tomar posse do que não nos pertence. E quando alguém resolve
fazer a coisa certa, o que tem de ser feito – devolver aquilo que não é dele –
acaba sendo aclamado herói. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nosso espanto com atitudes honestas não se limitam às
devoluções de objetos ou dinheiro encontrado. Até uma ajuda sem pedir nada em
troca nos surpreende. O “normal” é
querer levar vantagem em tudo, como manda a famosa Lei de Gerson. Recentemente um amigo ficou espantado por ter
encontrado um policial que não aceitou ser corrompido. E quando se fala em
políticos, então! Nossa comoção é grande ao nos depararmos com algum ato de
honestidade nesse meio. E o motivo é simples: nosso referencial de político é o
antônimo de honesto! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Já que atos de honestidades vão parar na mídia, quem sabe
aqueles que adoram aparecer não se espelham nesses atos e começam a fazer o
mesmo. Se não for por questão de consciência, pelo menos pelos quinze minutos
de fama. Quem sabe isso não vai contagiando as pessoas tão influenciáveis pelas
celebridades!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Espero, sinceramente, que chegue o dia em que atos de
honestidades não mereçam destaques na capa do jornal, nem sejam a matéria
principal do horário nobre, nem tenham milhares de compartilhamentos nas redes
sociais. Não porque eles não aconteçam, mas porque seja algo tão corriqueiro,
trivial, que não precise ser noticiado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-76912906966311094812012-06-23T13:48:00.002-07:002012-06-23T13:48:43.563-07:00Ouvir rap dá cadeia? E o sertanejo universitário?<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Numa notícia
dizia que ele ouvia rap. Na outra, dizia que ele ouvia funk. Ninguém soube
explicar qual era, de fato, o som que o cara ouvia no celular no início da
manhã, quando foi preso. Também não entendi direito qual foi o motivo de sua
prisão. Se foi o fato dele irritar os policiais ouvindo esse tipo de música
logo cedo, se foi o fato dele estar sem identidade e ter um apelido esquisito, ou
ainda, se foi por terem encontrado munições na casa dele. Talvez pelo fato dele
ter saído da cadeia há poucos dias, acharam que ele deveria voltar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Mais tarde,
outra notícia afirmava que o que ele ouvia era mesmo rap e que ele foi abordado
porque estava com atitude suspeita (mas não dizia qual atitude suspeita era
essa, talvez a roupa e o jeito de andar) e que, “além disso”, a música que ele estava ouvindo fazia apologia
ao crime. Mas não citaram um trecho da letra, então fiquei sem saber qual crime.
Mas a lei é a lei e, se existe algum artigo que diga que quem ouve música que
faz apologia ao crime deve ser preso, então, cumpra-se. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Os
comentários entusiasmados sobre o caso começaram a aparecer. Diziam “bem feito
para ele que ouve rap, porque se ele estivesse ouvindo sertanejo universitário
não seria abordado”. Pensei que fosse ironia, mas não, a pessoa que disse isso
falou sério. Também disseram que deveriam ser presos todos os que usam blusão
largo de capuz. Interessante essa relação semântica. Ouve rap, então usa blusão
largo de capuz e é bandido. E eu que não sabia que blusão largo de capuz era
roupa de bandido. Parece-me que Carlinhos Cachoeira anda meio fora de moda! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Fiquei
imaginando se a moda pega. Se resolverem sair por aí prendendo todo mundo que
ouve música que faz apologia ao crime, haja espaço na cadeia! Já ouvi várias
vezes que rap é coisa de bandido. Mas, o que dizer do sertanejo
“universitário”? Se é para rotular, para criar estereótipos, então vamos lá: seria, o sertanejo universitário, coisa de <i>playboy</i> que está na faculdade com o
objetivo de torrar o dinheiro do papai? Ou dos que nem entraram na universidade
ainda, mas já se acham PhD? Não concordo com nenhum desses rótulos. Tanto meus
amigos que curtem rap quanto os que curtem sertanejo universitário são honestos
e inteligentes. Mas, se o rap tem letras que fazem apologia ao crime, o
sertanejo universitário também tem (crime não é só roubar e matar). Poderia
escolher qualquer estilo musical e analisar algumas letras. Mas, por birra
pessoal, tomarei como exemplo, o tão venerado sertanejo universitário:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">V<span style="background-color: white; color: #333333;">iolência
contra a mulher/cárcere privado: </span><i><span style="background-color: white;">“</span></i><i><span style="background-color: white;">na muié eu dei um
jeito, corretivo do meu modo/No quarto deixei trancada, quinze dia aprisionada
e com ela não incomodo”. </span></i><span style="background-color: white;">E na mesma música, preconceito/homofobia<i>: “Sistema que fui criado ver dois homem
abraçado pra mim era confusão/Mulher com mulher beijando/Dois homens se
acariciando, meu deus que decepção”.</i> Isso sem falar no assassinato da
Língua Portuguesa!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif;">Adultério: “</span></span><i><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Falei pra minha patroa/Que a farra é boa e bem comportada [...]
Que pescar que nada/Vou beijar na boca/Ver a mulherada na madrugada/Ficando louca”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Poderíamos ainda citar a apologia ao alcoolismo: “<i><span style="background-color: white;">E daí se eu quiser farrear tomar todas num bar, o que
é que tem”, “beber, cair, levantar”, “Eu bebo pra ficar mal”;</span></i><span style="background-color: white;"> A vulgarização da mulher (que é o que mais deixa
indignada): “</span><i><span style="background-color: white;">Mulherada rebola, bebe, dança se descontrola/Quer mais
cerveja vai até embaixo/Já mostra o pedaço da sua calcinha/Vem uma cerveja e
elas tão louca</span></i><span style="background-color: white;">”; e outros enunciados
presentes nesses tipos de músicas que podem até não fazer apologia direta ao
crime, mas são um incentivo a ações, no mínimo, imorais.<span class="apple-converted-space"><i><o:p></o:p></i></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Se for
aplicar a lei para todos, tanto os que ouvem rap no celular sem fone de ouvido,
quanto os que passam de madrugada em frente às nossas casas ouvindo sertanejo
universitário na mais alta potência (talvez para mostrar que o som do carro é
bom) deveriam ir para a cadeia, se não for apologia ao crime, pelo menos por perturbação
do sossego. Mas, como a polícia da minha querida cidade<i> </i>deve estar ocupada demais cuidando dos assaltos que estão
acontecendo aos montes, infelizmente (ou felizmente, como queiram), não terão
tempo de se preocupar com o tipo de música que os cidadãos ouvem.<o:p></o:p></span></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-76898375063299515792012-06-17T11:44:00.000-07:002012-06-30T05:25:50.267-07:00Casar ou cortar o cabelo?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-oqQMPAfMw5Q/T-7wJZWaeWI/AAAAAAAABI4/Got_xD2mXFQ/s1600/mini-ilustrac3a7c3a3o-cronica-elenice-pc3a1g-2-n-491.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-oqQMPAfMw5Q/T-7wJZWaeWI/AAAAAAAABI4/Got_xD2mXFQ/s320/mini-ilustrac3a7c3a3o-cronica-elenice-pc3a1g-2-n-491.jpg" width="255" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Lia recentemente num famoso jornal o texto de um famoso
cronista (desses que ganham para escrever) e ele dizia que o Brasil está
carente de cronistas que escrevam sobre fatos banais, corriqueiros, daqueles
que o leitor lê sem se preocupar que isso afete sua vida de alguma forma. O escritor afirmava que a maioria das
crônicas atualmente está com conteúdo muito pesado, complexo e que os cronistas,
de modo geral, estão escrevendo questões políticas, econômicas, sociais, ambientais,
sexuais... que estes tipos de textos já deixam a pessoa tensa, antes mesmo de
ler as trágicas notícias do jornal. Pensando nisso resolvi escrever sobre um
fato corriqueiro e banal: cortar o cabelo.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas na verdade, cortar o cabelo, para nós mulheres, não é um
ato banal. Só Deus sabe o quanto a decisão mudar o corte nos atormenta. É quase
como decidir se casar. Embora algumas pessoas acreditem que casar é um ato
banal. Passamos dias e dias pensando e, quando finalmente tomamos a decisão,
ficamos dias e dias procurando um modelo de corte que nos agrade. Olhamos fotos
e fotos de famosidades na internet, até que escolhemos alguns modelos que
consideramos que ficará bom. E quando decidimos deixar curtinho então, o dilema
é bem maior!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Chegamos ao salão ainda meio em dúvida. Encontramos algumas
revistas Caras (salão sempre tem revistas Caras). O cabelo das famosas é sempre
tão lindo! Não importa se é curto ou comprido, enrolado ou liso, loiro ou
castanho. Nelas, é sempre perfeito! Mudamos de ideia, talvez tirar só as
pontinhas novamente, ou cortar só a franja... afinal demorou tanto tempo para o
cabelo crescer! Mas, finalmente encontramos lá a foto da Cameron Diaz. Perfeito
o corte! Vai ficar ótimo, pensamos. E mostramos
a foto para a cabeleireira pedindo para ela fazer igual, e ela, como se fosse
possível, “obedece”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Meu pai sempre disse que mulher de verdade tem que ter
cabelos compridos. E, para ele, não interessa se o cabelo está quebrado,
ressecado, parecendo a crina de uma égua, se é comprido, está bonito. Algumas
amigas evangélicas mais conservadoras já me disseram que na bíblia diz que o cabelo é como um véu
para a mulher. Nunca fui procurar para ver se isso é verdade mesmo, mas fiquei
pensando, por que mesmo que uma mulher precisa de véu?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A verdade é que a decisão de cortar o cabelo, para mim, não
é nem tanto uma questão de beleza. É mais uma questão de praticidade. Fiz uma
tabela com vantagens e desvantagens de ter um cabelo curto e descobri que há
muito mais vantagens. Depois que as feministas nos tiraram da cozinha e nos
deram a honra de termos uma tripla jornada, não temos mais tempo de ficar
fazendo chapinha. Então, cabelos curtos certamente nos facilitam a vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nem sempre o corte sai como planejado. Mas, depois que a
cabeleireira passa a tesoura, não adianta arrependimentos. Olhar para o espelho
e chorar não resolve. O melhor a fazer é sorrir e acreditar quando a
cabeleireira diz que ficou bom. Mesmo que não tenha ficado nadinha parecido com
o da Cameron Diaz. Acreditar também quando as amigas dizem que ficou lindo, mesmo
que a cara delas esteja dizendo que estava melhor antes. Com o tempo todo mundo
se acostuma e, se não acostumar, logo o cabelo cresce novamente. Pior do que as
amigas dizerem que não ficou bom, é os homens nem perceberem que você cortou o
cabelo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-81042178264532030972012-06-10T10:40:00.002-07:002012-06-10T10:40:43.525-07:00Um dia daqueles<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
O carro tinha de dar problema justo num dia chuvoso e frio!
Lamentava-se no ponto de ônibus. E o ônibus estava atrasado. Como dizem por aí,
desgraça pouca é bobagem! E continuou por alguns minutos se sentindo a pessoa
mais desgraçada do mundo. São Pedro e São Cristóvão estavam contra ele, só
podia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ficou curioso para saber o porquê de o ônibus estar
atrasado, mas não precisou perguntar. Uma senhora que também esperava a
condução começou a contar que agora era assim, depois que construíram “as
casinhas” o ônibus vivia atrasando. Culpou a empresa responsável pelo
transporte e a prefeitura. “onde já se viu, quase dobraram a quantidade de
moradores na região e querem deixar a mesma quantidade de ônibus!”, dizia ela
indignada. Disse também que era impossível conseguir sentar, o ônibus agora
vivia lotado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A moça que também esperava o ônibus disse que a culpa da
lotação era dos velhos. Ela argumentava que a maioria dos passageiros naquele
horário eram idosos, que não tinham nada que sair cedo de casa lotando o ônibus
e roubando os bancos dos trabalhadores.
Ela não entendia aonde eles iam aquelas hora, já que não trabalhavam.
Achava que os senhores iam jogar truco na praça e olhar as menininhas que
passavam e as senhoras iam bater perna no comércio. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Enfim o ônibus apareceu e quase não cabia mais ninguém.
Realmente estava cheio de idosos, como disse a moça. Conseguir um espaço, mesmo
em pé, foi um sacrifício. Alguns minutos depois já estava se sentindo mais
seguro lá dentro. Distraiu-se ouvindo a conversa dos passageiros. Era um
zum-zum que quase não dava para compreender nada. Tentava entender como algumas
pessoas tem ânimo para falar tanto, mesmo tão cedo, principalmente as mulheres.
E falam alto e riem muito. Nem parece que estão num ônibus lotado e atrasado e
que já enfrentaram frio e chuva antes de entrar no ônibus. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Uma senhora idosa e obesa que estava próximo a ele contava
para sua amiga que sua mãe teve uma nova crise e que confundiu as filhas,
chamando-a pelo nome da irmã que morreu. E contava isso rindo! A outra senhora
dizia que o chuveiro da casa dela estava dando choque e que várias pessoas do
conjunto estavam reclamando, mas era bom para o povo acordar melhor! Dizia
também que era culpa do tal do aquecedor solar que eles colocaram nas casinhas.
Disseram até que era para o Lula vir visitar as casinhas na época da
inauguração porque era muito chique ter aquecedor solar em casas populares.
Fizeram a maior propaganda e agora não funcionava direito. O senhor do outro
lado reclamava que pensou em fazer uma garagem, mas que não tinha espaço no
terreno. “Eles pensam que só porque somos pobres não precisamos de garagem
porque não temos carro mesmo”. Dizia ele em meio a gargalhadas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Começou a acreditar que a moça do ponto tinha razão. Para
onde esse povo vai tão cedo e num dia como este? Mais uma vez, parece que
ouviram seu questionamento. A primeira senhora disse que precisava atravessar a
cidade para cuidar de três netinhos para sua filha trabalhar. A outra senhora
disse que estava indo fazer exame de sangue, precisava ser em jejum. O
senhorzinho disse que ia “ no postão”, que finalmente sua consulta com o
cardiologista (ou oftalmologista, ele não entendeu direito), tinha saído e
precisava estar lá cedinho, embora não tivesse hora para ser atendido. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No caminho, ouvia várias histórias tristes e engraçadas.
Aliás, não eram engraçadas, eram só tristes. Mas era engraçado ver como eles
contavam. E, se eles riam, devia ser
engraçado. Não, não era. Eles é que estavam anestesiados e acostumados com as
dificuldades da vida. Então, talvez estivessem usando aquele velho bordão
“vamos rir para não chorar”. E o ônibus chegou onde ele precisava descer. Ao
invés de se lamentar porque teria de andar quatro quadras a pé e ainda estava
chuviscando, foi pensando naquelas pessoas que fizeram isso uma vida inteira e
continuam andando na chuva fria e rindo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-85208027476546016482012-06-02T16:56:00.000-07:002012-06-02T16:56:02.935-07:00Como cuidar de um bebê<br />
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<i>(isso não é um manual
de instruções feito pelo pediatra ou uma cartilha do Programa Cegonha Feliz)<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Quando o primeiro filho nasce, além dos desafios de cuidar
do bebê que, diga-se de passagem, não são nada fáceis, os recém-papais/mamães
também têm de aprender a lidar com os comentários de amigos e parentes que se
acham no direito de opinar sobre como cuidar da criança. Todo mundo tem alguma
coisa a ensinar para os papais amadores. Todo mundo se considera <i>expert</i> quando o assunto é cuidar de
filhos – dos outros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nos primeiros meses, todas as atenções são para o
bebezinho. A mamãe pode estar despenteada,
perna cabeluda e roupas rasgadas que ninguém vai notar. Os comentários se
repetem, os mesmos clichês de sempre sobre quão linda é a criança. Algumas mães
até acham estranho se alguém olhar para o bebê e não falar que ele é lindo! Já
ouvi gente dizer “que pessoa invejosa!” para alguém que olhou para seu filho e
não disse que ele era fofinho, lindinho, ou outro sinônimo no diminutivo. Mas,
o que incomoda um pouco as mamães, principalmente as amadoras, é a mania que o
povo tem de querer contribuir de alguma
forma, dando dicas de cuidados para o bebê. Até os que nunca tiveram filho se
acham experientes o suficiente para opinar. Talvez por terem assistido alguma
entrevista com um pediatra, por terem lido um trecho de um livro de Piaget, ou
uma matéria na revista Pais e Filhos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quando a mãe tem cara de novinha é bem pior, todo mundo acha
que ela não sabe nada da vida (às vezes não sabe mesmo). Se ela sair com o bebê
com pouca roupa, vão falar que o bebê esta com frio; se ela colocar mais roupa,
o próximo que a encontrar vai dizer que o bebê está com calor; se estiver
passeando no sol com a criança, vão falar que é perigoso; se estiver na sombra,
vão dizer que o bebê está pálido e precisa de sol; se o bebê estiver deitado no
colo, vão falar que ele precisa ser estimulado e a mamãe precisa deixa-lo em pé;
se ele estiver em pé, vão falar que ele é muito novinho ainda e pode forçar os
ossinhos... Sempre haverá alguém que vai dizer que o melhor é fazer diferente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Dias desses presenciei uma cena típica de tarde de domingo,
com direito à família reunida e todo mundo babando em volta do mais novo membro
da família. Avós, tias, primas... todos queriam compartilhar alguma experiência
sobre cuidados com bebês, mesmo os inexperientes. Estava tudo muito bem até que
o bebê começou a chorar desesperadamente. A mãe, por mais que tentasse convencê-los
de que estava tudo sob controle, começou a se desesperar também. Só não chorou junto
com o bebê porque ficou envergonhada. As
avós brigavam entre si para ver quem tinha o diagnóstico certo. As tias também
arriscavam palpites. Esgotaram-se todas as possibilidades: banho, troca,
remedinho para dor de ouvido, remédio para cólica, massagem, passeio pelo
jardim... e o bebê continuava chorando. A mãe se sentia, ao mesmo tempo,
aliviada porque a sogra também não tinha conseguido acalmar a criança e
preocupada porque parecia que o problema era mesmo sério. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O pai do bebê chegou e viu toda aquela mulherada sem saber o
que fazer. Pegou o menino no colo e, meio desajeitado, levou-o para frente da
TV. Os pais são assim: não perdem o futebol nem que o filho esteja em
desespero. Começou a balançar o menino, prestando mais atenção no jogo do que
na criança. Alguns minutos depois o bebê estava quietinho. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Uma avó disse que foi o chazinho que ela deu para o bebê
tomar. A outra disse que foi a massagem na barriga que ela fez. Uma das tias
disse que foi o remedinho para o ouvido que ela deu. A outra tia disse que o
bebê estava com calor e só se acalmou porque ela deu banho. A mãe ficou em
silêncio. O pai passou o resto da semana falando que a única coisa que
conseguiu acalmar o seu filho foi ver o Santos jogar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-14252060458639440402012-05-28T13:20:00.000-07:002012-05-28T13:21:22.743-07:00Sopa de marmita<br />
<div class="MsoNormal">
Início de noite com chuva e frio. No caminho de casa, vou pensando
como seria bom chegar e encontrar aquela deliciosa sopa de mandioca preparada
pelo meu pai. Mas, lembrei que meu estava há quinhentos quilômetros de distância
e só tinha resto de marmita do almoço em
casa. Então, sem sopa. </div>
<div class="MsoNormal">
Restos de marmita e sopa me fizeram recordar um velho e rico
português que conheci um tempo atrás,numa cidadezinha do interior de São Paulo,
que fazia sopa de marmita. Não se trata de uma tradicional receita portuguesa,
muito pelo contrário. O Sr. Manuel (sim, ele tinha esse nome!) era milionário,
mas era tão miserável que comprava uma marmita para dividir com a esposa no
almoço e o que sobrava ele aproveitava no jantar para fazer sopa. Ficava
horrível aquela gororoba feita de restos de feijão e arroz fervido com água, mas eles estavam acostumados. </div>
<div class="MsoNormal">
Por motivos óbvios, o Sr. Manuel foi apelidado de João
Romão. Para quem não conhece a história de Aluízio de Azevedo, João Romão era
um capitalista explorador (capitalista explorador me parece pleonasmo!) que
enriqueceu a custas dos inquilinos que viviam no seu cortiço. Não que o Sr. Manuel
tivesse um cortiço, ele, na verdade, era dono de quase todas as casas da
cidadezinha que morava e de alguns apartamentos na capital e as casas do Sr. Manuel
nem de longe pareciam o cortiço do João Romão. Mas alguns fatos na vida do dele,
além dele ser português, lembravam o personagem de Aluizio de Azevedo. Principalmente essa ânsia de enriquecer a
qualquer custo. Ele não se cansava de contar que começou a vida com office boy
no banco e chegou a gerente. E, lógico, acumulando bens. </div>
<div class="MsoNormal">
O que eu achava mais estranho no estilo de vida do Sr. Manuel
é que enquanto ele economizava até sabonete, a esposa e a filha faziam questão
de gastar em coisas fúteis. A esposa tinha mania de comprar. Reservou um cômodo
da casa para suas quinquilharias. Coisas que ela comprava e nunca usava.
Comprava simplesmente pelo prazer de comprar. As vizinhas fofoqueiras diziam que
ela comprava escondido do esposo, porque se ele soubesse pediria o divorcio. </div>
<div class="MsoNormal">
Sempre me perguntava quais eram os planos do Sr. Manuel
àquela altura da vida. Por que ele ainda comia sopa de marmita? Viver tão
miseravelmente para deixar tudo para sua única filha torrar depois que ele morresse,
talvez. Como acontece com muitos por aí. A filha era uma espécie de patricinha
intocável que há mais de uma década fazia de conta que estudava para um
concurso da área jurídica que nunca saia. Casou-se com um advogado que tinha
um escritório chique, mas nenhum caso para resolver. Viviam dormindo, os dois.
Olhava para eles e sem querer me lembrava de um verso de um poema de Drumond : “Eta
vida besta, meu Deus!”. Mas havia os que tinham inveja. Não precisar trabalhar
e ter dinheiro a disposição para gastar como quiser é o sonho de muita gente. </div>
<div class="MsoNormal">
De repente me percebi tão revoltada com minhas lembranças do Sr. Manuel
e sua sopa de marmita que tive de perguntar a mim mesma por que é que me
incomodava tanto esse fato. Afinal, ele fazia da vida dele o que ele quisesse!
Mas minha indignação nunca me permitiu entender o porquê de algumas acharem
mais importante o acúmulo de bens do que o simples prazer de comer uma sopa d<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4974980548413957118" name="_GoBack"></a>e mandioca. </div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4974980548413957118.post-54073107245767521262012-05-19T12:57:00.002-07:002012-05-19T12:57:43.163-07:00Um casamento e um quase funeral<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje em dia, com todo o aparato tecnológico usado como
extensão da nossa memória, agenda de todos os tipos apitando em nossos ouvidos,
nos avisando dos nossos afazeres, é difícil nos atrasarmos ou perdermos algum compromisso,
certo? Errado. Todo tipo de lembrete eletrônico de nada adianta se há defeito na
peça que fica em frente ao aparelho, ou, como diriam os técnicos, problema de USB
(Usuário Super Burro). Se o usuário faz
confusão ao anotar os horários, os aparelhinhos não fazem milagre, ainda. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mesmo com tantos lembretes, ainda é normal, para algumas
pessoas mais desligadas, chegar atrasado a uma reunião, esquecer de buscar o
filho na escola, deixar de ir a uma consulta médica, perder o casamento de uma amiga... Perder o
casamento de uma amiga? Não. Isso não é normal. A pessoa tem que ser muito
desligada para conseguir essa proeza. Mas algumas conseguem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Casamento não é como uma consulta médica que você pode ligar
e marcar para outro dia. De maneira geral, as pessoas costumam casar uma única
vez. Quando se casam mais de uma vez, geralmente não é com a mesma pessoa, nem
na mesma igreja e a noiva não usa o mesmo vestido. Por isso fiquei muito
triste, quando cheguei à igreja e dei de cara apenas com as pétalas de rosa no
chão e uma senhora avisando que o casamento tinha acontecido duas horas
atrás. Depois de ter andado tanto para
procurar um sapato que combinasse com o meu vestido e que ficasse bom no meu pé
e no meu bolso!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Fiquei parada na escadaria da igreja em dúvida se cortaria os
pulsos ali mesmo ou esperaria o pessoal
que estava comigo me enforcar. Não tinha muito o que dizer, então olhei para
eles e disse “Gente, acontece!”. Claro que não acontece com todo mundo. Só
comigo. Mas acontece! Estava tentando convencer a mim mesma de que não era nada
assim tão grave. No outro dia falaria com a noiva e explicaria que nem olhei o
convite, só anotei o horário errado porque entendi errado quando ela me disse.
Simples assim!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ela entenderia, lógico! Não. Ela não entenderia. Entrei no
carro e no caminho de volta para a casa comecei a pensar como explicaria isso
para ela. Pensei em dizer quetorci o pé quando estava fechando o portão (afinal
estava de sapato novo!), que aconteceu um acidente na esquina quando estava
saindo de casa e fiquei presa no trânsito, que meu filho teve uma crise súbita
de dor de barriga, que levei um choque com o secador de cabelo... Depois de
pensar em quinhentas mil desculpas, resolvi que era melhor contar a verdade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Durante algum tempo tive de aguentar calada a gozação e a
reclamação da família e dos amigos. Para ajudar, minha cunhada (tinha de ser a
cunhada!) me lembrou de que ninguém mais marca casamento para às 19h30. Valeu
pelo aviso! É que fazia tanto tempo que
eu não ia a um casamento que não sabia mais quais são os horários costumeiros.
E, ao que tudo indica,vou continuar sem ir por um bom tempo. Acho que depois
dessa, meus amigos vão excluir meu nome da lista de convidados. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Elenicehttp://www.blogger.com/profile/13476860859529141779noreply@blogger.com1