sábado, 30 de junho de 2012

Honestidade dá audiência



 O bilhete escrito pelo taxista aparecia na foto junto com R$10,00 e um cartãozinho da empresa de taxis. A foto imediatamente se espalhou pelas redes sociais chegando a milhares de pessoas que pareciam não acreditar num gesto tão nobre. No bilhete, o taxista explicava o porquê dos R$10,00. A cliente teria pago a corrida que custou R$120,00 com R$150,00 e ele devolveu de troco apenas R$20,00. Estava pedindo desculpas e devolvendo o restante.
Comovidos com tal atitude, os internautas faziam questão de compartilhar e comentar elogiando o feito e escrevendo expressões como “Ainda há esperanças!”. Isso me trouxe à memoria outros casos parecidos que fizeram sucesso na mídia há algum tempo: o faxineiro que devolveu uma maleta com dólares que encontrou no aeroporto; o aposentado pernambucano que devolveu R$160,00 que encontrou no quintal da sua casa; o motorista de ônibus que encontrou R$70.000,00 e devolveu à passageira... Todos, atos heroicos. Dignos de “ohhhhs”
Mas por que mesmo que ficamos tão extasiados quando vemos fatos como esses serem noticiados em rede nacional? Por que consideramos esse tipo de atitude como um fato extraordinário, um ato heroico? Não estamos acostumados com a honestidade. Não é o que acontece normalmente, então, quando acontece, vira notícia! Parece-me que há uma inversão de valores. O que deveria ser normal, corriqueiro torna-se um fato raro. Crescemos acreditando que é um processo natural tomar posse do que não nos pertence. E quando alguém resolve fazer a coisa certa, o que tem de ser feito – devolver aquilo que não é dele – acaba sendo aclamado herói.
Nosso espanto com atitudes honestas não se limitam às devoluções de objetos ou dinheiro encontrado. Até uma ajuda sem pedir nada em troca nos surpreende. O  “normal” é querer levar vantagem em tudo, como manda a famosa Lei de Gerson.  Recentemente um amigo ficou espantado por ter encontrado um policial que não aceitou ser corrompido. E quando se fala em políticos, então! Nossa comoção é grande ao nos depararmos com algum ato de honestidade nesse meio. E o motivo é simples: nosso referencial de político é o antônimo de honesto!
Já que atos de honestidades vão parar na mídia, quem sabe aqueles que adoram aparecer não se espelham nesses atos e começam a fazer o mesmo. Se não for por questão de consciência, pelo menos pelos quinze minutos de fama. Quem sabe isso não vai contagiando as pessoas tão influenciáveis pelas celebridades!
Espero, sinceramente, que chegue o dia em que atos de honestidades não mereçam destaques na capa do jornal, nem sejam a matéria principal do horário nobre, nem tenham milhares de compartilhamentos nas redes sociais. Não porque eles não aconteçam, mas porque seja algo tão corriqueiro, trivial, que não precise ser noticiado.

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sábado, 23 de junho de 2012

Ouvir rap dá cadeia? E o sertanejo universitário?



Numa notícia dizia que ele ouvia rap. Na outra, dizia que ele ouvia funk. Ninguém soube explicar qual era, de fato, o som que o cara ouvia no celular no início da manhã, quando foi preso. Também não entendi direito qual foi o motivo de sua prisão. Se foi o fato dele irritar os policiais ouvindo esse tipo de música logo cedo, se foi o fato dele estar sem identidade e ter um apelido esquisito, ou ainda, se foi por terem encontrado munições na casa dele. Talvez pelo fato dele ter saído da cadeia há poucos dias, acharam que ele deveria voltar.
Mais tarde, outra notícia afirmava que o que ele ouvia era mesmo rap e que ele foi abordado porque estava com atitude suspeita (mas não dizia qual atitude suspeita era essa, talvez a roupa e o jeito de andar) e que, “além disso”, a  música que ele estava ouvindo fazia apologia ao crime. Mas não citaram um trecho da letra, então fiquei sem saber qual crime. Mas a lei é a lei e, se existe algum artigo que diga que quem ouve música que faz apologia ao crime deve ser preso, então, cumpra-se.
Os comentários entusiasmados sobre o caso começaram a aparecer. Diziam “bem feito para ele que ouve rap, porque se ele estivesse ouvindo sertanejo universitário não seria abordado”. Pensei que fosse ironia, mas não, a pessoa que disse isso falou sério. Também disseram que deveriam ser presos todos os que usam blusão largo de capuz. Interessante essa relação semântica. Ouve rap, então usa blusão largo de capuz e é bandido. E eu que não sabia que blusão largo de capuz era roupa de bandido. Parece-me que Carlinhos Cachoeira anda meio fora de moda!
Fiquei imaginando se a moda pega. Se resolverem sair por aí prendendo todo mundo que ouve música que faz apologia ao crime, haja espaço na cadeia! Já ouvi várias vezes que rap é coisa de bandido. Mas, o que dizer do sertanejo “universitário”? Se é para rotular, para criar estereótipos, então vamos lá:  seria, o sertanejo universitário, coisa de playboy que está na faculdade com o objetivo de torrar o dinheiro do papai? Ou dos que nem entraram na universidade ainda, mas já se acham PhD? Não concordo com nenhum desses rótulos. Tanto meus amigos que curtem rap quanto os que curtem sertanejo universitário são honestos e inteligentes. Mas, se o rap tem letras que fazem apologia ao crime, o sertanejo universitário também tem (crime não é só roubar e matar). Poderia escolher qualquer estilo musical e analisar algumas letras. Mas, por birra pessoal, tomarei como exemplo, o tão venerado sertanejo universitário:
Violência contra a mulher/cárcere privado: na muié eu dei um jeito, corretivo do meu modo/No quarto deixei trancada, quinze dia aprisionada e com ela não incomodo”. E na mesma música, preconceito/homofobia: “Sistema que fui criado ver dois homem abraçado pra mim era confusão/Mulher com mulher beijando/Dois homens se acariciando, meu deus que decepção”. Isso sem falar no assassinato da Língua Portuguesa!
Adultério: “Falei pra minha patroa/Que a farra é boa e bem comportada [...] Que pescar que nada/Vou beijar na boca/Ver a mulherada na madrugada/Ficando louca”
Poderíamos ainda citar a apologia ao alcoolismo: “E daí se eu quiser farrear tomar todas num bar, o que é que tem”, “beber, cair, levantar”, “Eu bebo pra ficar mal”;  A vulgarização da mulher (que é o que mais deixa indignada): “Mulherada rebola, bebe, dança se descontrola/Quer mais cerveja vai até embaixo/Já mostra o pedaço da sua calcinha/Vem uma cerveja e elas tão louca”; e outros enunciados presentes nesses tipos de músicas que podem até não fazer apologia direta ao crime, mas são um incentivo a ações, no mínimo, imorais.
Se for aplicar a lei para todos, tanto os que ouvem rap no celular sem fone de ouvido, quanto os que passam de madrugada em frente às nossas casas ouvindo sertanejo universitário na mais alta potência (talvez para mostrar que o som do carro é bom) deveriam ir para a cadeia, se não for apologia ao crime, pelo menos por perturbação do sossego. Mas, como a polícia da minha querida cidade deve estar ocupada demais cuidando dos assaltos que estão acontecendo aos montes, infelizmente (ou felizmente, como queiram), não terão tempo de se preocupar com o tipo de música que os cidadãos ouvem.
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domingo, 17 de junho de 2012

Casar ou cortar o cabelo?


Lia recentemente num famoso jornal o texto de um famoso cronista (desses que ganham para escrever) e ele dizia que o Brasil está carente de cronistas que escrevam sobre fatos banais, corriqueiros, daqueles que o leitor lê sem se preocupar que isso afete sua vida de alguma forma.  O escritor afirmava que a maioria das crônicas atualmente está com conteúdo muito pesado, complexo e que os cronistas, de modo geral, estão escrevendo questões políticas, econômicas, sociais, ambientais, sexuais... que estes tipos de textos já deixam a pessoa tensa, antes mesmo de ler as trágicas notícias do jornal. Pensando nisso resolvi escrever sobre um fato corriqueiro e banal: cortar o cabelo.
Mas na verdade, cortar o cabelo, para nós mulheres, não é um ato banal. Só Deus sabe o quanto a decisão mudar o corte nos atormenta. É quase como decidir se casar. Embora algumas pessoas acreditem que casar é um ato banal. Passamos dias e dias pensando e, quando finalmente tomamos a decisão, ficamos dias e dias procurando um modelo de corte que nos agrade. Olhamos fotos e fotos de famosidades na internet, até que escolhemos alguns modelos que consideramos que ficará bom. E quando decidimos deixar curtinho então, o dilema é bem maior!
Chegamos ao salão ainda meio em dúvida. Encontramos algumas revistas Caras (salão sempre tem revistas Caras). O cabelo das famosas é sempre tão lindo! Não importa se é curto ou comprido, enrolado ou liso, loiro ou castanho. Nelas, é sempre perfeito! Mudamos de ideia, talvez tirar só as pontinhas novamente, ou cortar só a franja... afinal demorou tanto tempo para o cabelo crescer! Mas, finalmente encontramos lá a foto da Cameron Diaz. Perfeito o corte! Vai ficar ótimo, pensamos.  E mostramos a foto para a cabeleireira pedindo para ela fazer igual, e ela, como se fosse possível, “obedece”.
Meu pai sempre disse que mulher de verdade tem que ter cabelos compridos. E, para ele, não interessa se o cabelo está quebrado, ressecado, parecendo a crina de uma égua, se é comprido, está bonito. Algumas amigas evangélicas mais conservadoras já me disseram que na bíblia diz que o cabelo é como um véu para a mulher. Nunca fui procurar para ver se isso é verdade mesmo, mas fiquei pensando, por que mesmo que uma mulher precisa de véu?
A verdade é que a decisão de cortar o cabelo, para mim, não é nem tanto uma questão de beleza. É mais uma questão de praticidade. Fiz uma tabela com vantagens e desvantagens de ter um cabelo curto e descobri que há muito mais vantagens. Depois que as feministas nos tiraram da cozinha e nos deram a honra de termos uma tripla jornada, não temos mais tempo de ficar fazendo chapinha. Então, cabelos curtos certamente nos facilitam a vida.
Nem sempre o corte sai como planejado. Mas, depois que a cabeleireira passa a tesoura, não adianta arrependimentos. Olhar para o espelho e chorar não resolve. O melhor a fazer é sorrir e acreditar quando a cabeleireira diz que ficou bom. Mesmo que não tenha ficado nadinha parecido com o da Cameron Diaz. Acreditar também quando as amigas dizem que ficou lindo, mesmo que a cara delas esteja dizendo que estava melhor antes. Com o tempo todo mundo se acostuma e, se não acostumar, logo o cabelo cresce novamente. Pior do que as amigas dizerem que não ficou bom, é os homens nem perceberem que você cortou o cabelo.


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domingo, 10 de junho de 2012

Um dia daqueles



O carro tinha de dar problema justo num dia chuvoso e frio! Lamentava-se no ponto de ônibus. E o ônibus estava atrasado. Como dizem por aí, desgraça pouca é bobagem! E continuou por alguns minutos se sentindo a pessoa mais desgraçada do mundo. São Pedro e São Cristóvão estavam contra ele, só podia.
Ficou curioso para saber o porquê de o ônibus estar atrasado, mas não precisou perguntar. Uma senhora que também esperava a condução começou a contar que agora era assim, depois que construíram “as casinhas” o ônibus vivia atrasando. Culpou a empresa responsável pelo transporte e a prefeitura. “onde já se viu, quase dobraram a quantidade de moradores na região e querem deixar a mesma quantidade de ônibus!”, dizia ela indignada. Disse também que era impossível conseguir sentar, o ônibus agora vivia lotado.
A moça que também esperava o ônibus disse que a culpa da lotação era dos velhos. Ela argumentava que a maioria dos passageiros naquele horário eram idosos, que não tinham nada que sair cedo de casa lotando o ônibus e roubando os bancos dos trabalhadores.  Ela não entendia aonde eles iam aquelas hora, já que não trabalhavam. Achava que os senhores iam jogar truco na praça e olhar as menininhas que passavam e as senhoras iam bater perna no comércio.      
Enfim o ônibus apareceu e quase não cabia mais ninguém. Realmente estava cheio de idosos, como disse a moça. Conseguir um espaço, mesmo em pé, foi um sacrifício. Alguns minutos depois já estava se sentindo mais seguro lá dentro. Distraiu-se ouvindo a conversa dos passageiros. Era um zum-zum que quase não dava para compreender nada. Tentava entender como algumas pessoas tem ânimo para falar tanto, mesmo tão cedo, principalmente as mulheres. E falam alto e riem muito. Nem parece que estão num ônibus lotado e atrasado e que já enfrentaram frio e chuva antes de entrar no ônibus.
Uma senhora idosa e obesa que estava próximo a ele contava para sua amiga que sua mãe teve uma nova crise e que confundiu as filhas, chamando-a pelo nome da irmã que morreu. E contava isso rindo! A outra senhora dizia que o chuveiro da casa dela estava dando choque e que várias pessoas do conjunto estavam reclamando, mas era bom para o povo acordar melhor! Dizia também que era culpa do tal do aquecedor solar que eles colocaram nas casinhas. Disseram até que era para o Lula vir visitar as casinhas na época da inauguração porque era muito chique ter aquecedor solar em casas populares. Fizeram a maior propaganda e agora não funcionava direito. O senhor do outro lado reclamava que pensou em fazer uma garagem, mas que não tinha espaço no terreno. “Eles pensam que só porque somos pobres não precisamos de garagem porque não temos carro mesmo”. Dizia ele em meio a gargalhadas.
Começou a acreditar que a moça do ponto tinha razão. Para onde esse povo vai tão cedo e num dia como este? Mais uma vez, parece que ouviram seu questionamento. A primeira senhora disse que precisava atravessar a cidade para cuidar de três netinhos para sua filha trabalhar. A outra senhora disse que estava indo fazer exame de sangue, precisava ser em jejum. O senhorzinho disse que ia “ no postão”, que finalmente sua consulta com o cardiologista (ou oftalmologista, ele não entendeu direito), tinha saído e precisava estar lá cedinho, embora não tivesse hora para ser atendido.
No caminho, ouvia várias histórias tristes e engraçadas. Aliás, não eram engraçadas, eram só tristes. Mas era engraçado ver como eles contavam.  E, se eles riam, devia ser engraçado. Não, não era. Eles é que estavam anestesiados e acostumados com as dificuldades da vida. Então, talvez estivessem usando aquele velho bordão “vamos rir para não chorar”. E o ônibus chegou onde ele precisava descer. Ao invés de se lamentar porque teria de andar quatro quadras a pé e ainda estava chuviscando, foi pensando naquelas pessoas que fizeram isso uma vida inteira e continuam andando na chuva fria e rindo.


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sábado, 2 de junho de 2012

Como cuidar de um bebê



(isso não é um manual de instruções feito pelo pediatra ou uma cartilha do Programa Cegonha Feliz)

Quando o primeiro filho nasce, além dos desafios de cuidar do bebê que, diga-se de passagem, não são nada fáceis, os recém-papais/mamães também têm de aprender a lidar com os comentários de amigos e parentes que se acham no direito de opinar sobre como cuidar da criança. Todo mundo tem alguma coisa a ensinar para os papais amadores. Todo mundo se considera expert quando o assunto é cuidar de filhos – dos outros.
Nos primeiros meses, todas as atenções são para o bebezinho.  A mamãe pode estar despenteada, perna cabeluda e roupas rasgadas que ninguém vai notar. Os comentários se repetem, os mesmos clichês de sempre sobre quão linda é a criança. Algumas mães até acham estranho se alguém olhar para o bebê e não falar que ele é lindo! Já ouvi gente dizer “que pessoa invejosa!” para alguém que olhou para seu filho e não disse que ele era fofinho, lindinho, ou outro sinônimo no diminutivo. Mas, o que incomoda um pouco as mamães, principalmente as amadoras, é a mania que o povo tem de querer  contribuir de alguma forma, dando dicas de cuidados para o bebê. Até os que nunca tiveram filho se acham experientes o suficiente para opinar. Talvez por terem assistido alguma entrevista com um pediatra, por terem lido um trecho de um livro de Piaget, ou uma matéria na revista Pais e Filhos.
Quando a mãe tem cara de novinha é bem pior, todo mundo acha que ela não sabe nada da vida (às vezes não sabe mesmo). Se ela sair com o bebê com pouca roupa, vão falar que o bebê esta com frio; se ela colocar mais roupa, o próximo que a encontrar vai dizer que o bebê está com calor; se estiver passeando no sol com a criança, vão falar que é perigoso; se estiver na sombra, vão dizer que o bebê está pálido e precisa de sol; se o bebê estiver deitado no colo, vão falar que ele precisa ser estimulado e a mamãe precisa deixa-lo em pé; se ele estiver em pé, vão falar que ele é muito novinho ainda e pode forçar os ossinhos... Sempre haverá alguém que vai dizer que o melhor é fazer diferente.
Dias desses presenciei uma cena típica de tarde de domingo, com direito à família reunida e todo mundo babando em volta do mais novo membro da família. Avós, tias, primas... todos queriam compartilhar alguma experiência sobre cuidados com bebês, mesmo os inexperientes. Estava tudo muito bem até que o bebê começou a chorar desesperadamente. A mãe, por mais que tentasse convencê-los de que estava tudo sob controle, começou a se desesperar também. Só não chorou junto com o bebê porque  ficou envergonhada. As avós brigavam entre si para ver quem tinha o diagnóstico certo. As tias também arriscavam palpites. Esgotaram-se todas as possibilidades: banho, troca, remedinho para dor de ouvido, remédio para cólica, massagem, passeio pelo jardim... e o bebê continuava chorando. A mãe se sentia, ao mesmo tempo, aliviada porque a sogra também não tinha conseguido acalmar a criança e preocupada porque parecia que o problema era mesmo sério.
O pai do bebê chegou e viu toda aquela mulherada sem saber o que fazer. Pegou o menino no colo e, meio desajeitado, levou-o para frente da TV. Os pais são assim: não perdem o futebol nem que o filho esteja em desespero. Começou a balançar o menino, prestando mais atenção no jogo do que na criança. Alguns minutos depois o bebê estava quietinho.
Uma avó disse que foi o chazinho que ela deu para o bebê tomar. A outra disse que foi a massagem na barriga que ela fez. Uma das tias disse que foi o remedinho para o ouvido que ela deu. A outra tia disse que o bebê estava com calor e só se acalmou porque ela deu banho. A mãe ficou em silêncio. O pai passou o resto da semana falando que a única coisa que conseguiu acalmar o seu filho foi ver o Santos jogar.


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