As letrinhas vermelhas na vitrine da loja com a palavrinha
mágica - promoção - me convidavam para entrar. Não era uma loja qualquer. Era
aquela loja que tinha umas bolsas lindas que custavam o que o meu salário não
era capaz de pagar. Mas agora, dizia o recado na vitrine, as bolsas estavam
pela metade do preço. Bolsas, 50% off,
era o que estava escrito. Não sei porque, sempre em inglês.
Entrei. Estava mesmo precisando de uma bolsa. Mulher sempre
precisa de uma bolsa nova. Aliás, de sapatos também. Fiquei meio perdida dentro
daquela loja chique. Lojas chiques não me deixam muito à vontade. A vendedora
me olhando com aquele sorriso falso. Pobre, não consegue disfarçar que é pobre.
É uma marca que carregamos para todo lugar, como dizia um amigo, até no jeito
de andar.
Mesmo pela metade do preço, as bolsas ainda estavam muito
caras. Olhei, olhei. Peguei uma para ver com as mãos. Abri, fechei, olhei todas
as divisórias. O tamanho era ideal para quem, como eu, enfia tudo e mais um pouco
dentro da bolsa. A vendedora disse “essa está muito barata!”. Ela deve ter
desconfiado que eu estivesse mesmo procurando a mais barata. E continuou “ela
não é uma bolsa qualquer”. E disse a grife da bolsa como se fosse a coisa mais
incrível do mundo, e pela metade do preço! Eu tentei fazer uma cara de naturalidade.
Não podia deixar que ela percebesse que aquela bolsa custava a metade do meu
salário. Sabia que aquela era uma marca famosa. Tinha visto em, pelo menos,
dois filmes. Concordei com a vendedora quando ela disse que eu não podia perder
aquela oportunidade. Peguei a bolsa novamente. Coloquei no ombro. Olhei para o
espelho. Olhei para a bolsa. Depois para a vendedora. Depois, para a bolsa de
novo... Aquele momento que antecede uma grande decisão. Não dava mesmo para
perder aquela oportunidade. E ainda podia parcelar no cartão de crédito em
suaves prestações. Na hora nem me toquei que ficaria um ano pagando a bendita
da bolsa. Comprei.
Quando cheguei em casa e fui namorar mais um pouquinho meu
novo presentinho, abri o guarda-roupa e descobri que não tinha nada para vestir
que combinasse com a bolsa nova. Mas, e daí? Aquela bolsa caríssima tinha
obrigação de combinar com tudo. Decidi que ia usá-la com qualquer roupa.
Lembrei-me do meu namorado, falando do tal “custo-benefício”. Dizia ele que se
uma coisa custa caro, ela tem de ser usada bastante para valer a pena.
A primeira vez que saí com a bolsa nova no meu bairro, doida
para que alguém percebesse que eu estava com ela, minha amiga, muito
gentilmente, disse que adorou minha bolsa. Mas acabou com a minha alegria
quando perguntou se eu tinha comprado no camelô. Ela disse que tinha uma
parecida lá. Fiquei com vergonha de dizer onde tinha comprado. Disse a ela que
comprei numa lojinha no centro e comecei a me arrepender da minha compra.
Depois de uma semana com a bolsa, descobri que ela era pesada demais e que as
alças eram muito duras. Devia mesmo era ter comprado a de R$19,00 no camelô, se
não gostasse, pelo menos não ia me sentir tão culpada pensando nas 12
prestações que tinha para pagar.
Para ajudar na minha tomada de consciência, olho para a tela
do computador e vejo uma citação de Marx que alguém postou na rede social. Era
algo sobre como o capitalismo deixa as pessoas endividadas com aquilo que elas
não precisam. Tudo bem que Marx disse isso há um tempão, mas ele tinha razão. Tarde
demais! Quem sabe me lembre disso da próxima vez.
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ResponderExcluirOBRIGADA PELA ATENÇÃO
BOM SEMANA E PARABÉNS