domingo, 20 de janeiro de 2013

Bloqueio criativo? Existe sim.


Estava no meio  da entrevista. Depois de ter sido bombardeada pela outra professora – a minha terceira opção – que tinha cara de boazinha, mas era, na verdade, uma torturadora sem ressentimentos, finalmente ouvi a voz do meu quase futuro orientador.
__ Gostaria que você falasse um pouco sobre sua atuação como blogueira.
Hã? Como assim? Ai, meu Deus, ele lê meu blog! Ele vê as besteiras que escrevo!
Ele ainda complementou a pergunta. Disse algo sobre a minha relação com a literatura nas redes sociais, eu acho. Não me lembro.
Esperava qualquer pergunta, menos essa. Mas, se ele perguntou, queria mesmo que eu respondesse. Não me recordo do que disse. Estava muito nervosa para me lembrar de qualquer coisa que eu tenha falado naquele momento. Devo ter respondido o óbvio. Só me lembro de ter ficado cutucando minhas unhas – isso sempre me acalma quando estou impossibilitada de tacar os dedos na boca e roê-las todas, até sangrar.   
Fiquei imaginando que meu orientador – agora oficialmente - lia meus textos e ficava analisando cada vírgula das minhas crônicas. Parei de escrever! Melhor deixar que pensem que você é idiota do que publicar seus textos e não restar dúvidas (ouvi algo parecido em algum lugar).
Na verdade, mais alguns acontecimentos me fizeram fugir da escrita. Dias antes da entrevista, tinha participado de uma oficina de crônicas com um escritor famoso e ele me fez acreditar que meus textos não chegam aos pés dos seus. Talvez sem intenção, mas fez! A partir desse dia parei de escrever para o jornal que publicava minhas crônicas toda semana.  Decidi ficar só com o blog. Pelo menos aqui é um espaço para o qual vem quem quer, ao contrário do jornal onde minhas crônicas saiam junto com outras publicações tão importantes, como as notas de falecimento.
Outra coisa que me afastou da minha “produção literária” foi o fato de eu ter parado de lavar a louça. Fiquei um tempo com a mão machucada e descobri que meu filho, quando pressionado e chantageado, faz esse serviço direitinho. Deixei que ele continuasse mesmo depois que a mão sarou. Mas o que isso tem a ver com escrever? Explico. Cada escritor tem sua maneira de produzir. Alguns se sentam em frente ao computador e escutam Pink Floyd enquanto olham para a tela em branco; outros fumam e tomam coca-cola compulsivamente; outros, ainda, só conseguem pensar no silêncio da madrugada. Eu produzo enquanto lavo louça. Não que eu seja, assim, uma escritora, mas é como as ideias surgem para mim: ao esfregar os pratos!
Meu filho está viajando e já faz quase um mês que estou sendo forçada a fazer terapia para curar meu bloqueio criativo. E que se dane se meu orientador pensar que escrevo besteiras!  Quanto ao cronista fodão da Folha e da Uol, ele não vai ler meus textos mesmo. Acho que estou curada, por enquanto. Filho, volte logo! Não aguento mais lavar louça. 
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