terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Vizinhos


Seria bom se pudéssemos escolher também nossos vizinhos quando escolhemos nossa casa. Enquanto isso não é possível, temos que aceitar a vizinhança que vem de brinde junto com o imóvel. Lembro-me de um amigo que comprou uma casa linda, num lugar que ele considerava ideal para criar seu bebezinho que acabara de nascer. Mas, alguns meses depois, teve de colocá-la à venda. Motivo: o vizinho da frente chegava bêbado e gritando toda noite, assim que o casal conseguia fazer o bebê dormir. O cara era do tipo que bebia quando estava feliz para comemorar e bebia quando estava triste para afogar as mágoas. Algumas noites, ficava repetindo “viva o Santos!”; outras, gritava para satã vir buscá-lo. Como a esposa não abria a porta, ele ficava horas berrando até que adormecia na calçada, junto com algum cachorro da rua. Para os demais moradores do bairro, meu amigo ficou conhecido como “o professor que mora em frente à casa do bêbado”.  Felizmente, para toda a vizinhança, o bêbado logo partiu. A cirrose (ou satã?) o levou. Acho que nunca uma morte foi tão comemorada. Fiquei com pena desse homem quando soube da história. Que vida mais desgraçada! Mas fiquei feliz pelo meu amigo que não precisou vender a casa.
Quem nunca pensou num plano macabro para acabar com o morador da casa do lado ou do andar de cima? Colocar ácido sulfúrico na caixa d’água, soltar uma cascavel no quintal, colocar soda cáustica no açúcar da vizinha, por exemplo. Mas, na maioria das vezes, os vizinhos são uma benção. Eles ajudam a cuidar das nossas casas. Cuidam das nossas vidas também, mas tudo na melhor das intenções. Tenho um amigo que parou de me visitar porque começou a se sentir incomodado com as vizinhas na janela cada vez que ele estacionava em frente à minha casa. Tentei explicar que elas tinham um cuidado especial comigo, pois casa onde mora uma mulher sozinha, sabe-se lá que tipo de ameaça pode estar se aproximando do portão. Mas ele não apareceu mais. Acho que não entendeu.
De modo geral, não tenho do que reclamar dos meus vizinhos. Tirando o do lado esquerdo e o do lado direito que competem para ver quem tem o som do carro mais potente e quem ouve a música mais idiota. Com exceção também do Sr. Adolfo, um alemão solitário que reclama de tudo. Aliás, ele faz jus ao nome. Dia desses tive medo que ele colocasse os meninos que jogavam bola na rua numa câmara de gás. Ele faz coleção de bolas que toma dos piás. Ele merece o troféu de vizinho implicante. Reclamou até do barulho do meu salto!
Aprendi que com vizinhos do tipo do Sr. Adolfo temos que usar, literalmente, a política da boa vizinhança. Disse a ele que estou substituindo meus sapatos de salto por sapatilhas de balé. Além disso, quando ele reclama de alguma coisa, digo que conheci uma viúva bonita e simpática e que vou apresentá-la em breve. Isso o mantém ocupado por alguns dias. Quanto aos outros vizinhos, exercício de paciência é o mais recomendável.

3 comentários:

  1. nem me fale... se eu te contar as coisas que acontece ao lado de casa, daria outra crônica!! A crônica do prozac com cachaça!!!kkkkk ao som de Gino e Geno!

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  2. Meu Deus, Gino e Geno! Aff... aqui é funk e Michel Teló, hahaha

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  3. Não podemos nos esquecer que também somos chamados de 'vizinhos'!!!! hehehehehe!!!

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