quarta-feira, 19 de junho de 2013

Brasileiros vão ter que aprender a usar redes sociais ou terão suas contas excluídas, diz dono do Facebook



Depois de ver os absurdos que os brasileiros andam publicando nas redes sociais, o dono do Facebook , Mark Gutenberg, decidiu aplicar uma espécie de avaliação aos usuários dessa rede. Assim que se acalmarem os protestos no Brasil, segundo ele, os usuários serão observados durante um mês para constatação se estão ou não aptos a usar o Facebook. Ele disse que agora, no calor dos ânimos, seria injustiça fazer isso, pois muita gente seria reprovada e ele não quer perder tantos usuários.
Os avaliadores verificarão se durante esse período o usuário cometeu alguma das seguintes gafes:
- Postar notícias fake de sites humorísticos e comentar como se fosse verdade;
- Postar notícias ou fotos de mais de dois anos como se fosse recente e distorcer os fatos;
- Compartilhar frases idiotas assinadas por Fernando Pessoa, Clarice Lispector, entre outros escritores falecidos, ou ainda vivos, mas que não fazem a menor ideia de quem escreveu aquilo;
- Compartilhar posts assinadas por apresentadores de TV, colunistas de jornalecos conservadores, políticos famosos... que “qualquer um percebe” que eles jamais teriam dito aquilo;
- Compartilhar e defender a opinião de grupos preconceituosos e reacionários sem se dar conta da manipulação.
A lista contempla outros itens que Mark não quis divulgar. Ele disse que a equipe ainda está formulando a avaliação e que novos itens podem ser acrescentados. Mark afirmou que por enquanto não vai avaliar os grotescos erros de português porque isso não é o pior dos males. Ele citou a frase do poeta nordestino conhecido por Patativa do Assaré “ é melhor escrever errado a coisa certa do que escrever certo a coisa errada” (fez questão de frisar que pesquisou em sites confiáveis pra se certificar de que a frase é desse autor mesmo).
A adolescente de 17 anos, Inocência Winchester da Silva, que costuma compartilhar tudo o que vê e só lê o título das notícias, não concorda com a medida. “Esse cara é um babaca. Se ele excluir minha conta eu volto pro Orkut e ele vai ficar pobre”, ameaça a garota.
Já o pesquisador da área de Engenharia Civil do Instituto Brasileiro de Pesquisa Superior Aplicada, Professor Doutor Armando Pontes,  concorda com Mark mas disse que está com medo de ter sua conta excluída, pois ele também compartilha coisas sem ter certeza se é verdade. “Sabe como é né, nessa correria que a gente vive, pressionados pelo CNPq, muitas vezes não dá tempo de verificar a fonte da notícia (já basta ter que ficar correndo atrás das fontes das pesquisas) e quando eu concordo com o título, acabo compartilhando”, argumenta.
A estudante de Paisagismo, Margarida Aquino Jardim, também concorda com a medida, embora ela admita que tenha de mudar seu comportamento nas redes sociais. “Eu não costumo compartilhar nada que eu não saiba se realmente é verdade, mas costumo desabafar e, muitas vezes, criticar as pessoas que fazem isso, o que também não é um comportamento adequado”.

Obs. Só para esclarecer, caso alguém não tenha percebido, essa é uma notícia fake
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terça-feira, 4 de junho de 2013

Mentira de pós-graduando


Sim, menti. E agora estou morrendo de remorso. Remorso, não. Vergonha, eu acho.  Pois quando descobrirem, vou ser chamada de mentirosa e isso vai ser muito feio de ouvir. Aprendi desde pequena que não se deve mentir. Não me lembro mais quais são os dez mandamentos, mas acho que em algum lugar na Bíblia diz que mentir é pecado.

Primeiro foi pra prima, depois pra tia e agora pra vizinha. Até pra vizinha! Por isso fico trancada em casa durante o dia, sem deixar a menor pista de que tem alguém lá. Sem luz acesa, sem cortina aberta, som alto nem pensar, muito menos barulho de louça sendo lavada ou algo parecido.  Dureza viver assim com esse peso na consciência!

Qual foi a mentira? Disse que estava trabalhando normalmente.  Muito complicada essa história de ficar explicando pra parentes e vizinhos que estou “só” estudando.


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domingo, 14 de abril de 2013

Apenas uma quadra



O sinal abriu para pedestres. Aproveitei para me enfiar no meio da multidão e atravessar a rua. Decidi ir pelo calçadão, parecia menos perigoso aquele horário. Quase seis da tarde. Ainda tinha sol. Quer dizer, sol não, ainda estava dia. Porque sol, nessa cidade, é algo que nunca vi. Mentira, vi uma vez. No mesmo dia em que me disseram bom dia no açougue e no caixa da loja de departamentos. Inesquecível!
Enquanto subia, no meio dos que vão e vêm, dois homens em minha direção, vestidos de tanga vermelha – nada mais – empurravam uma bicicleta e caminhavam naturalmente. Ambos altos. Um magro, meio barrigudo, outro com músculos bem definidos. Os dois suavam. E eu sentia frio. Desviei-me deles. Tive vontade de rir. Na minha terra iam dizer que isso é muito guei.
Além de mim, um grupo de 4 ou 5 adolescentes, cabelo caído nos olhos, observavam os dois tangas-vermelha e riam. Na minha terra iam dizer que aquele cabelo escorrido também é muito guei.  
Muitos andavam apressados, indiferentes aos homens de tanga ou aos meninos de cabelos escorridos. O engravatado falava ao celular e parecia preocupado. A senhora loira segurava a bolsa com as duas mãos. Lembrei-me da minha tia avisando pra eu tomar cuidado. Segurei mais forte a minha.
As lojas anunciavam descontos de até 50%. Melhor não ficar olhando vitrines. Segui. A multidão me deixava invisível. Ainda bem! Assim ninguém observava meu tênis encardido, pé vermelho.
A mulher de burca amarelo-ouro parecia procurar algo na bolsa. Burca aqui? Pra mim isso só se via no oriente médio!  Do outro lado, um grupo de tatuados dos pés à cabeça, vestidos de preto e com pedaços de metal por todo corpo, andavam imponentes em meio aos apressados.
A senhorinha de olhos puxados e meio corcunda caminhava vagarosamente, numa ausência misteriosa. Como se sua vida estivesse num outro compasso. Observei-a. Queria essa calmaria. Mas a vida me apressava, o sinal abriu e eu tinha de tomar o ônibus. 
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quinta-feira, 28 de março de 2013

Bacalhau na Sexta-Feira Santa? Você está fazendo isso errado!



Toda Semana Santa me lembro da bacalhoada do Sr. José, o mesmo português da sopa de marmita da outra crônica. Incrível, mas ele abria a mão para fazer bacalhau na Sexta-feira Santa – delicioso, diga-se de passagem.  Ele, apesar de nunca ter pisado numa igreja, seguia a tradição cristã.
Segundo o cristianismo, na Sexta-Feira Santa, dia em que Cristo foi condenado e crucificado, é dia de sacrifício. Assim, os cristãos não devem comer carne vermelha. Isso porque, na época, a carne era artigo de luxo. Coisa rara na mesa dos mais pobres. Já o peixe era abundante e barato, por isso comum nas refeições dos mais humildes.
Sacrifício comendo bacalhau? Opa, Sr. José e demais “cristãos” que alongam a fila do peixe no supermercado na Semana Santa, acho que vocês estão fazendo isso errado! Qual é mesmo o preço do quilo de bacalhau? Se fosse uma refeição comum na mesa dos pobres, acho que eu saberia.


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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Desabafo - As mães são culpadas



Duas mulheres, no ponto de ônibus, conversavam sobre filhos. O quanto eles dão trabalho. O quanto são exigentes. A pauta do momento era a compra do material escolar. Uma delas disse, com ares de reclamação e ao mesmo tempo de ostentação, que gastou horrores. Fiquei chocada quando ela contou que pagou na mochila, para a filhinha de seis anos, o preço da lista inteira de material que comprei para os meus dois filhos. Por que uma mochila tão cara? Não era uma mochila qualquer, segundo ela. Era da personagem que é a moda desse ano.
Mochila: uma espécie de saco, geralmente feita em lona, costurada, com zíper, algumas divisórias e alças; serve para carregar o material escolar (e outras coisas). Mas alguém resolve colocar a foto de um personagem ou algum símbolo esquisito que todo mundo já viu por aí, e o objeto ganha valor, o preço vai lá nas alturas, trocentas vezes mais que uma mochila sem dezenhozinho famoso, mas que serve para os mesmos fins.
A filhinha não aceitaria se fosse outra mochila. Tinha de ser aquela! A outra ouviu e tentou fazer de conta que o problema dela era ainda maior. O filhinho mal sabe falar, mas já exige as coisinhas dele. Coisinhas de personagenzinhos também.  
Ali do lado, engolia minha vontade de me meter na conversa. Como assim exige? Não aceitaria outra? Desde quando os filhos é que dão ordens às mães para comprarem o que eles querem? Infelizmente, a julgar pelo que tenho visto, faz um bom tempo que isso vem acontecendo e a coisa só tem piorado. O que mais me incomoda é a naturalidade como as mães falam disso e, pela forma como se expressam, vêem nessa atitude certo status. “Olhem só, faço parte do grupo de mães que compram as mochilas mais caras para suas filhas. Eu sou foda!”. E mais. “Não vou deixar que a minha filha faça parte do grupo de filhas que tem as mães que não compram mochilas da moda!”
Fico indignada quando vou ao comércio e vejo crianças birrentas e pais e mães fazendo todas as vontades dos reizinhos. Sou mãe e, certamente, tanto eu quanto meus filhos somos influenciados pelo mundo consumista. É difícil sair ileso desse bombardeio capitalista. Mas, não sei se é porque sou “a cara da pobreza” ou é reflexo do “bulling” que sofri quando era adolescente e não tinha nada igual ao que os outros tinham (e não me fez falta) que me revolto quando vejo a necessidade mortal que os pais de hoje tem de atender as exigências dos filhos, mesmo que fiquem endividados. Criar um filho já não é tarefa fácil. Torna-se bem mais complicado quando deixamos que ele dite as regras.
Sei o quanto é difícil ignorar os comerciais bonitinhos nos intervalos dos desenhos animados. Sei como é seu filho chegar te pedir algo e dizer “mas todo mundo tem, mãe”. Felizmente, passei por isso poucas vezes, mas sei. A resposta, bem clichê: você não é todo mundo! É isso que tenho procurado passar aos meus filhos: eles não são todo mundo. Não precisam usar a roupa da marca x (eles já passaram da fase de pedir mochila da galinha pintadinha, ainda bem) para serem especiais. Tem funcionado. E, quando ainda parece que não entenderam o primeiro recado, uso outra tática que funciona perfeitamente. Explico, educadamente, que quando eles estiverem trabalhando e ganhando o dinheirinho suado deles, podem comprar o que quiserem. Por enquanto, quem decide de onde sai e pra onde vai o dinheiro sou eu. Penso que eles não vão me amar menos por causa disso. E também não vão ficar traumatizados por não terem o que todo mundo tem. Muito pelo contrário. Vão aprender a dar mais valor nas pessoas e não nas coisas que elas têm. Pelo menos é o que eu, uma mãe utópica, vivendo num mundo dominado pelo consumismo, espera. 
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domingo, 20 de janeiro de 2013

Bloqueio criativo? Existe sim.


Estava no meio  da entrevista. Depois de ter sido bombardeada pela outra professora – a minha terceira opção – que tinha cara de boazinha, mas era, na verdade, uma torturadora sem ressentimentos, finalmente ouvi a voz do meu quase futuro orientador.
__ Gostaria que você falasse um pouco sobre sua atuação como blogueira.
Hã? Como assim? Ai, meu Deus, ele lê meu blog! Ele vê as besteiras que escrevo!
Ele ainda complementou a pergunta. Disse algo sobre a minha relação com a literatura nas redes sociais, eu acho. Não me lembro.
Esperava qualquer pergunta, menos essa. Mas, se ele perguntou, queria mesmo que eu respondesse. Não me recordo do que disse. Estava muito nervosa para me lembrar de qualquer coisa que eu tenha falado naquele momento. Devo ter respondido o óbvio. Só me lembro de ter ficado cutucando minhas unhas – isso sempre me acalma quando estou impossibilitada de tacar os dedos na boca e roê-las todas, até sangrar.   
Fiquei imaginando que meu orientador – agora oficialmente - lia meus textos e ficava analisando cada vírgula das minhas crônicas. Parei de escrever! Melhor deixar que pensem que você é idiota do que publicar seus textos e não restar dúvidas (ouvi algo parecido em algum lugar).
Na verdade, mais alguns acontecimentos me fizeram fugir da escrita. Dias antes da entrevista, tinha participado de uma oficina de crônicas com um escritor famoso e ele me fez acreditar que meus textos não chegam aos pés dos seus. Talvez sem intenção, mas fez! A partir desse dia parei de escrever para o jornal que publicava minhas crônicas toda semana.  Decidi ficar só com o blog. Pelo menos aqui é um espaço para o qual vem quem quer, ao contrário do jornal onde minhas crônicas saiam junto com outras publicações tão importantes, como as notas de falecimento.
Outra coisa que me afastou da minha “produção literária” foi o fato de eu ter parado de lavar a louça. Fiquei um tempo com a mão machucada e descobri que meu filho, quando pressionado e chantageado, faz esse serviço direitinho. Deixei que ele continuasse mesmo depois que a mão sarou. Mas o que isso tem a ver com escrever? Explico. Cada escritor tem sua maneira de produzir. Alguns se sentam em frente ao computador e escutam Pink Floyd enquanto olham para a tela em branco; outros fumam e tomam coca-cola compulsivamente; outros, ainda, só conseguem pensar no silêncio da madrugada. Eu produzo enquanto lavo louça. Não que eu seja, assim, uma escritora, mas é como as ideias surgem para mim: ao esfregar os pratos!
Meu filho está viajando e já faz quase um mês que estou sendo forçada a fazer terapia para curar meu bloqueio criativo. E que se dane se meu orientador pensar que escrevo besteiras!  Quanto ao cronista fodão da Folha e da Uol, ele não vai ler meus textos mesmo. Acho que estou curada, por enquanto. Filho, volte logo! Não aguento mais lavar louça. 
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