Passava todas as manhãs
naquela rua. Era caminho do trabalho. Entre as modernas casas de alvenaria de
arquitetura padronizada, quase na esquina, ficava uma casinha de madeira.
Pintada de branco com janelas bordô, quase escondida atrás plantas. Roseiras,
copos-de-leite, margaridas e diversas outras espécies de flores que nunca soube
que nome tinham, habitavam aquele singelo quintal.
A pequena varanda na entrada da sala tinha uma cadeira de balanço de cada lado. O assoalho com tabuas estreitinhas estava sempre brilhando; as samambaias plantadas em xaxins penduradas por toda a viga que fazia o contorno da área, tinha folhas verdinhas que balançavam delicadamente com o vento.
As trepadeiras que encobriam o muro chegavam ao pilar da varanda. As plantinhas se espalhavam pelo quintal de forma desordenada, numa paisagem irregular, como se crescessem espontaneamente, do jeito que a natureza quer. Pareciam tão felizes ao nascer do dia. Era como se estivessem brincando com o sol que estava despertando preguiçoso.
O caminho do portão até a entrada era demarcado com pedras calhadas numa simetria interessante que iam diminuindo de tamanho conforme se aproximava da varanda.
A primeira vez que reparei naquela casa, talvez tenha sido a primeira vez que passei naquela rua. A pequena casinha me despertou um sentimento familiar. Ela tinha um jeito de casinha de vó. Lembrei-me da minha vozinha e de toda minha infância; da pobre casinha onde Dona Luiza vivia e cuidava das suas plantinhas com amor. Os vasos de latinhas pendurados na parede; a semelhança do quintal com uma mistura de flores e plantas medicinais, as samambaias, o caminho de pedras...
Não consegui mais passar por ali sem observar aquela casinha. Diminuía o passo quando me aproximava e ficava olhando os detalhes do jardim. Uma nova flor que desabrochava, uma borboleta que circulava entre as margaridas... Comecei até a sentir o cheiro de bolinho de chuva, como o da vovó.
Mas, naquela manhã, senti que o caminho para ir ao trabalho nunca mais teria a mesma poesia. Apenas um amontoado de madeira velha cheia de pregos enferrujados e um clarão onde estava a casinha. As plantinhas choravam debaixo das tábuas. Uma das últimas casas de madeira daquele bairro estava destruída.
Tentava imaginar porque tinham demolido a casinha. Talvez um investidor percebeu que seria muito mais lucrativo construir um moderno sobrado naquele terreno (como os da vizinhança); talvez a casinha estivesse sendo destruída pelos cupins; talvez o telhado ficou danificado na última chuva de granizo. Ou talvez a vozinha que morava lá tivesse ido embora e não havia mais ninguém para cuidar das plantinhas nem para fazer bolinho de chuva.
De repente senti uma saudade da vovozinha que não conheci. Fiquei me sentindo culpada por nunca ter entrado lá para tomar chá de erva cidreira, comer bolinho de chuva e ouvir as histórias dela.
A pequena varanda na entrada da sala tinha uma cadeira de balanço de cada lado. O assoalho com tabuas estreitinhas estava sempre brilhando; as samambaias plantadas em xaxins penduradas por toda a viga que fazia o contorno da área, tinha folhas verdinhas que balançavam delicadamente com o vento.
As trepadeiras que encobriam o muro chegavam ao pilar da varanda. As plantinhas se espalhavam pelo quintal de forma desordenada, numa paisagem irregular, como se crescessem espontaneamente, do jeito que a natureza quer. Pareciam tão felizes ao nascer do dia. Era como se estivessem brincando com o sol que estava despertando preguiçoso.
O caminho do portão até a entrada era demarcado com pedras calhadas numa simetria interessante que iam diminuindo de tamanho conforme se aproximava da varanda.
A primeira vez que reparei naquela casa, talvez tenha sido a primeira vez que passei naquela rua. A pequena casinha me despertou um sentimento familiar. Ela tinha um jeito de casinha de vó. Lembrei-me da minha vozinha e de toda minha infância; da pobre casinha onde Dona Luiza vivia e cuidava das suas plantinhas com amor. Os vasos de latinhas pendurados na parede; a semelhança do quintal com uma mistura de flores e plantas medicinais, as samambaias, o caminho de pedras...
Não consegui mais passar por ali sem observar aquela casinha. Diminuía o passo quando me aproximava e ficava olhando os detalhes do jardim. Uma nova flor que desabrochava, uma borboleta que circulava entre as margaridas... Comecei até a sentir o cheiro de bolinho de chuva, como o da vovó.
Mas, naquela manhã, senti que o caminho para ir ao trabalho nunca mais teria a mesma poesia. Apenas um amontoado de madeira velha cheia de pregos enferrujados e um clarão onde estava a casinha. As plantinhas choravam debaixo das tábuas. Uma das últimas casas de madeira daquele bairro estava destruída.
Tentava imaginar porque tinham demolido a casinha. Talvez um investidor percebeu que seria muito mais lucrativo construir um moderno sobrado naquele terreno (como os da vizinhança); talvez a casinha estivesse sendo destruída pelos cupins; talvez o telhado ficou danificado na última chuva de granizo. Ou talvez a vozinha que morava lá tivesse ido embora e não havia mais ninguém para cuidar das plantinhas nem para fazer bolinho de chuva.
De repente senti uma saudade da vovozinha que não conheci. Fiquei me sentindo culpada por nunca ter entrado lá para tomar chá de erva cidreira, comer bolinho de chuva e ouvir as histórias dela.
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