Soneto da separação
Vinicius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
De repente... os portões se fecham. A porta do carro bate forte, os pneus gritam.
Quando as ideias não se complementam, mas se contradizem. Quando a sensação de culpa é maior que a sensação de aprovação. Quando a aceitação do outro se transforma em cobrança, em exigência de transformação. Quando o que é para te fazer feliz te faz sofrer.... é hora de dizer adeus.
Mas dizer essa palavra é tão difícil. Tão pequena e tão complexa! Acho que não fomos criados para a separação. Construímos vínculos que quando são rompidos nos destroem. Talvez seja por isso que tantas pessoas preferem construir muros.
Mas, aprendemos com o tempo que nossas decepções e frustrações não devem nos impedir de acreditar que vale a pena recomeçar sempre.
Não foi assim que eu sonhei a nossa vida A despedida seria até logo mais Mas a vida não permite ensaios Não há raios antes do trovão
(Humberto Gessinger)
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