quarta-feira, 27 de abril de 2011

Angústia

Estou angustiada. E isso me dá uma vontade enorme de… passar a noite escrevendo. Também de cortar a garganta, mas como não sou nem louca nem corajosa demais, sei que é mais prudente escrever. Sabe um daqueles dias em que temos uma crise suicida, um desejo incontrolável de nos enforcarmos num pé de cebolinha? Então...nunca pensei em morrer dessa forma.
Como sei que meus leitores são ocupados demais (com seus próprios dramas)  e muito provavelmente não pulariam da ponte junto comigo, desisti de listar aqui todas causas da minha angústia. Até porque, o objetivo desse blog é rir e não chorar. Também porque muitos diriam que para uma mulher ficar angustiada basta três letrinhas: TPM (o que não é o meu caso, é claro...eu acho)
Mas, sem querer me tornar enfadonha, preciso dizer o que tem me atormentado as idéias nas últimas 24 horas: descobri que quando eu li Machado de Assis pela primeira vez (lá no Ensino Médio, que na época se chamava segundo grau), não entendi bulhufas do que ele quis dizer em Memórias Póstumas de Brás Cubas e o mais trágico disso é que não li pela segunda vez.
Descobri que não sei consertar o encanamento do banheiro de casa. Essa descoberta se deu de um jeito bem prático: liga-se a torneira no meio da noite e leva-se um banho indesejado. Água saindo por todos os buracos possíveis e com tanta força que parece que alguém desviou o curso das Cataratas do Iguaçu.
Depois disso, descobri que o computador que uso para trabalhar pega vírus quando estou de férias. O pior é que descobri indo lá trabalhar, mesmo estando de férias.  Não há estresse maior que ir trabalhar e não conseguir acessar a Internet. Isso me fez chegar à seguinte conclusão: sou mesmo viciada em trabalho.
Descobri também que já passei da idade de fazer intercâmbio, de acordo com os critérios de um povo aí. Isso me fez chegar a outras conclusões trágicas: estou ficando velha e o único país estrangeiro que conheço é o Paraguai (mas esse nem conta). E, como uma coisa puxa outra, com a idade que tenho, estatisticamente, levando em conta a média de vida da minha família, já vivi metade do que tenho para viver e ainda não patinei no gelo, não visitei a Polônia (país onde meu avô nasceu) e nem fui ao show do U2 (mesmo eles vindo ao Brasil recentemente).
A lista das minhas últimas descobertas frustrantes seria gigantesca. Mas melhor não continuar, porque além de dramática, chata e cansativa, pode ser que eu seja chamada de fofoqueira por expor algumas pessoas que podem ter participado das minhas não-muito-agradáveis últimas horas.
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sábado, 23 de abril de 2011

Depilação

ou desabafos de uma mulher "moderna" - parte II

Foi uma luta e tanto. Eu versus a cera. Até que ela venceu. Pela milésima  vez tentei fazer uma depilação caseira e fui derrotada. Afinal por que mesmo temos de nos depilar? Se fosse para não termos pêlos a natureza tomaria conta disso.
Imagino que em algum momento da história um Homo sapiens do sexo masculino descobriu que as mulheres ficariam melhor (para olhar e para tocar) sem pêlos e a partir daí Homo sapiens do sexo feminino viram uma extrema necessidade de passar por esse ritual masoquista.
Melhor não entrar nos detalhes do custo/benefício da depilação. Não há como evitar. Para nos encaixarmos no perfil de mulher moderna, além das mil e quinhentas coisas que temos de fazer todos os dias para provar para nós mesmas que somos “independentes”, é preciso estarmos lindas e, é claro, depiladas.
Contraditório isso não?! Se nos achamos tão livres... porque temos fazer essa ginástica toda? Confesso que às vezes tenho vontade de fundar um grupo feminista que use o slogan “abaixo a depilação”. 

A propósito, se alguém quiser a receita: http://blog.mcsx.net/receita-para-fazer-cera-de-depilar/

Ps. Mulheres sem paciência, não tentem fazer isso em casa!
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domingo, 10 de abril de 2011

Direção

Ou desabafos de uma mulher "moderna"

O papo com o filho estava muito agradável. Um dos poucos momentos durante a semana que temos para conversar, o que me faz sentir muita culpa, mas tudo bem. Falávamos sobre a escola, sobre os jogos novos, sobre skate, novamente sobre escola: “mãe eu não quero ir à aula de ônibus, a gritaria dos alunos me dá dor de cabeça”.
Como sou uma mãe/mulher democrática pedi a ele que sugerisse o que eu deveria fazer então. “É simples! Compra um carro e leva a gente.” Tinha de ser tão democrática! Aquilo foi como uma chapuletada na minha cara. Comprar um carro e levar os meus dois filhos para a escola, eu mesma. Essa seria a coisa mais certa a se fazer, claro. Mas porque eu ainda não fiz isso?
A compra do carro é o de menos. Como polemizou recentemente o ex-apresentador da RBS, hoje em dia qualquer pobretão tem um carro. O maior problema, pelo menos para mim, é outro: dirigir. Meus filhos não imaginam a frustração que é para uma mulher do século XXI não ter carteira de habilitação. A frase  “não consegui” é como dar uma paulada no próprio crânio. É como ser favorito numa final de campeonato, mas por pressão da torcida, perder de goleada. Os irmãos dizendo que é tão fácil e eu me sentindo uma estúpida. “Você sempre consegue tudo o que quer, como não conseguiu tirar carteira, uma coisa que qualquer ignorante consegue?”
Dizem que o bom mesmo é aprender a dirigir assim que chegar aos 18. Ou até antes (para os que não têm medo da lei). Depois que você tem um pouco mais de juízo e, principalmente, depois que os filhos são como uma extensão da sua própria vida, pegar um carro e sair por aí é impossível sem antes imaginar uma arma na mão que pode ser disparada, involuntariamente, a qualquer momento. Isso deve ser reflexo da internalização da sabedoria popular: você já tirou porte de arma?; mulher no volante, perigo constante e tantas outras que a suposta supremacia masculina inventa para nos tornar estranhamente medrosas.
Os conselhos: não se preocupe, minha vizinha reprovou sete vezes e conseguiu, você também consegue. Fico tão aliviada em ouvir isso! Detalhe: desisti antes de fazer o teste. Nunca fui reprovada em nada!
De uma mulher que já passou dos 30, ter ser próprio carro e, lógico, saber dirigi-lo, é o mínimo que se espera. Dirigir tudo na sua vida, menos uma máquina insolente é o fim!
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