ou o que o medo não faz...
A coisa está mesmo feia na minha city. Li no noticiário sobre mais um assalto no centro da cidade. Agora é assim, virou rotina. A cidade é pequena, mas o número de assaltos é digno de uma metrópole. As vítimas da vez foram dois estudantes. Logo universitários que vivem reclamando que estão sem grana! Os coitados perderam as bicicletas e os bonés, mas imagino que o susto e a raiva é que mais deve ter preocupado esses dois.
Nunca fui assaltada, mas confesso que estou com medo. Antigamente (não tão antigamente assim, porque não sou tão velha) andava sozinha à noite, até mesmo de madrugada e não acontecia o que acontece hoje na minha querida cidade. Lembro que ia para a balada com uma galera, mas no final todo mundo sumia. Não raras vezes, sem carro, sem carona e sem dinheiro para o taxi, voltava para a casa a pé sozinha (quase sempre com o sapato na mão). Triste por estar sozinha, mas não com medo. Hoje nem sonho em fazer isso. Primeiro porque não vou mais a baladas (não tenho mais pique e odeio sertanejo universitário) e depois porque não tenho mais coragem de ficar zumbizando por aí de madrugada.
Não sou só eu que estou com medo. Esses dias um amigo me contou que estava andando sozinho no calçadão de madrugada (nem ousei perguntar de onde vinha ou para onde estava indo àquelas horas). A rua estava deserta e escura. Ouviu passos se aproximando dele. Começou a andar mais depressa. Mas a pessoa que lhe seguia também se apressou. Não teve escolha, começou a correr. O outro também. Sentia que estavam quase lhe alcançando. Podia ouvir a respiração ofegante do seu perseguidor. Virou a esquina. O cara virou também. A cidade continuava silenciosa. A não ser pelos passos de duas pessoas correndo quase no mesmo ritmo. Tentou aumentar a velocidade. Não conseguiu. De repente uma voz sufocada: Ei cara, me espere. Vamos correr juntos. Eu também estou com medo!