Acordo meio assustada. Tem alguém do lado da minha cama.
Mãe, mãe, não consigo dormir, diz uma vozinha meio triste. Ele passa a mão no
meu cabelo como quem diz “me deixa ficar aqui”. Tem como dizer que não? Meio
sonolenta, olho o celular. São quase três da manhã e ele me diz que não pregou
o olho ainda.
O que deixaria uma criança com insônia? Talvez a ansiedade
por ter que voltar à aula no dia seguinte depois de duas semanas de greve; ou porque
não comeu a pizza que o tio tinha prometido; ou jogou muito videogame durante o
dia (mas isso ele faz sempre).
Abre um sorriso e vai se aconchegando ao meu lado, dividindo
o travesseiro comigo. Abraço aquele pequeno corpo e tento dizer que está tudo bem,
que pode dormir tranquilo, que eu estava ali para protegê-lo. A respiração dele
está acelerada, o coraçãozinho agitado, o corpo inquieto, o pé fazendo movimentos repetitivos como se estivesse ouvindo uma música agitada. Não falo nada. Só
acaricio sua testa. Aos poucos, a respiração vai ficando lenta e o corpo se
estica. Derruba o braço sobre meu rosto. Apagou.
Agora, eu é que estou com insônia. Pensando que nem sempre
estarei por perto para fazê-lo dormir.
Que lindooooo...
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