Jogos do Santos X Corinthians sempre me fazem lembrar uma cena interessante de quando eu era pequena. Numa tarde de domingo como esta, meu pai me pegando no colo e me jogando pro alto, ao som do gol chiado ouvido no radião SEMP (televisão nessa época só os ricos tinham). Gritando como doido, jogava o chapéu no chão e pulava, pulava...Era uma final de campeonato, como a de hoje. Os mais viciados em futebol (e mais velhos) devem se lembrar desse dia em que o Santos levou o título.
Eu, sem entender muito bem, ouvia fogos ali próximo. Morávamos em lugarejo onde o futebol era levado muito a sério. Não tinha muita coisa para se fazer. Então jogar, ouvir os jogos e discutir sobre eles durante a semana era o que tirava os homens da rotina da roça. Meu pai teve seis filhos. Se não fosse o futebol talvez tivesse doze (mãe, por favor, não brigue comigo).
Havia uma rivalidade muito grande entre os torcedores desses dois times. O pior é que eram quase todos parentes. Às vezes brigavam de ficar sem se falar por dias por causa das discussões envolvendo futebol.
Influenciada pela minha mãe, comecei a achar tudo uma grande besteira... Mas aos 16 anos, idade da rebeldia, uma amiga me deu uma camiseta do Corinthians e, para decepção do meu pai, comecei a usá-la. Acho que ela acreditava mesmo que podia salvar uma alma perdida e me levava para ver os jogos. Nos divertíamos muito. Vários amigos meus eram corinthianos e eu comemorava, ou chorava com eles, dependendo do resultado do jogo.
Hoje, assistindo com a minha irmã e rindo muito da nossa falta de conhecimento sobre o assunto. Não levo muito a sério, mas o que eu acho bonito são as amizades criadas através desse esporte. Meu pai foi embora, mas todo mundo no meu bairro conhece o Seu Cassemiro, por causa do futebol. Sinto muita falta dele nos dias como o de hoje...
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