domingo, 31 de julho de 2016

O café de Paraty


Sou daquelas que acredita que o dia só começa mesmo depois de um bom café. Mesmo que seja domingo e o café seja feito na hora em que habitualmente é o almoço.
Na última vez que estive em Paraty – e primeira, diga-se de passagem (perdoem-me o trocadilho) – resolvi comprar um suporte com um coador minúsculo, para apenas uma xicrinha de café. Comprei porque era o mesmo suporte que usavam na cafeteria que nos reunimos – as locas da excursão - para tomar café. Comprei porque acreditei que trazendo o coador, toda vez que fizesse café teria um pouco de Paraty, especialmente daqueles momentos de conversa na cafeteria, na minha casa. E para isso que a gente paga o triplo do preço nas lembrancinhas de viagens: acreditamos que com elas vêm um pouco da história, das belezas e da cultura do local onde estivemos visitando.
Mas hoje, ao coar meu café - no coador de Paraty, claro - para minha decepção, a bebida não tinha o mesmo gosto do café da cafeteria mencionada. Alguma amiga poderá dizer que lógico que não vai ter porque usei o café da marca da cooperativa que compro no mercadinho perto de casa e não aquele carrérimo que eles usam lá. Mas não é isso: faltou-me o bolo de fubá com goiabada para acompanhar, a carne louca; faltou o cansaço, as bolhas nos pés após um dia todo andando por uma cidade com ruas tortas de pedras irregulares; faltaram as piadas, os oompas loopas que dirigiam o micro-ônibus; faltou a história de Paraty contada por quem faz parte dela; faltou a beleza dos casarões do Brasil império, observada com o vagar de quem acompanha uma amiga que anda com o pé quebrado, mas anda; faltou o barco que afunda na areia; faltou o espírito aventureiro das jovens senhoras que num ato de rebeldia extrema deixaram seus filhos por um final de semana para viajar com as amigas.
Faltaram as amigas. Faltaram as amigas! Do café de Paraty ficou só a saudade – e o coador. Que nunca nos falte tempo para um café com as amigas, seja onde for.


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