Ele acabou de completar 8 anos. Recentemente a professora me chamou e me disse: "mãe, não sei o que acontece que o Vitor, ele fica aéreo na sala, às vezes." Disse também que ele era desorganizado, que o caderno estava feio e que ele vivia perdendo o material. Pediu para que eu procurasse ajuda profissional porque algo devia estar afetando o desempenho dele na escola pois as notas não estavam lá muito altas. Falou também que ele estava deixando de fazer algumas tarefas.
Nenhuma mãe gosta de ouvir comentários assim do seu filho. É lógico que notas altas, comportamento condicionado e organização é o que a maioria dos professores esperam dos seus alunos. Mas o Vitor é diferente. Não quis discutir com a professora. Mas poderia usar o velho bordão usado pelas mães: eu conheço meu filho!
Prefiro que ele seja do jeito que é, mesmo que isso incomode um pouco algumas pessoas. Que goste de rock; que faça um topete diferente no cabelo; que vista a camisa aberta por cima da camiseta; que diga que funk e sertanejo é "paia"; que me questione sobre os astros; o livro de gênese; o por do sol; as invenções do homem; a destruição do meio ambiente; os dinossauros; a descoberta do fogo... mesmo que eu não tenha resposta para nenhuma dessas perguntas.
Prefiro que ele reclame quando tem por tarefa copiar números de 350 a 555 porque sabe que isso é perda de tempo. Prefiro que ele tenha explicações criativas para questões que ninguém mais sabe como resolver. Prefiro ficar pasma refletindo durante alguns minutos e me questionando como não pensei nisso antes, sobre aquela sacada que ele teve e que só os olhos de uma criança esperta conseguem enxergar.
Talvez, nos momentos em que ele estava aéreo na sala de aula, foram os momentos em que ele mais produziu. Talvez daí tenha surgido a ideia desse poeminha que foi escolhido um dos quatro melhores no Festival Poético de Cornélio Procópio.
Não entendo
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Nenhuma mãe gosta de ouvir comentários assim do seu filho. É lógico que notas altas, comportamento condicionado e organização é o que a maioria dos professores esperam dos seus alunos. Mas o Vitor é diferente. Não quis discutir com a professora. Mas poderia usar o velho bordão usado pelas mães: eu conheço meu filho!
Prefiro que ele seja do jeito que é, mesmo que isso incomode um pouco algumas pessoas. Que goste de rock; que faça um topete diferente no cabelo; que vista a camisa aberta por cima da camiseta; que diga que funk e sertanejo é "paia"; que me questione sobre os astros; o livro de gênese; o por do sol; as invenções do homem; a destruição do meio ambiente; os dinossauros; a descoberta do fogo... mesmo que eu não tenha resposta para nenhuma dessas perguntas.
Prefiro que ele reclame quando tem por tarefa copiar números de 350 a 555 porque sabe que isso é perda de tempo. Prefiro que ele tenha explicações criativas para questões que ninguém mais sabe como resolver. Prefiro ficar pasma refletindo durante alguns minutos e me questionando como não pensei nisso antes, sobre aquela sacada que ele teve e que só os olhos de uma criança esperta conseguem enxergar.
Talvez, nos momentos em que ele estava aéreo na sala de aula, foram os momentos em que ele mais produziu. Talvez daí tenha surgido a ideia desse poeminha que foi escolhido um dos quatro melhores no Festival Poético de Cornélio Procópio.
Não entendo
Mundo, mundo
Flutua no infinito...
Por que? Eu vou saber?
Mundo, mundo
Espaço sem oxigênio
Por que? Eu vou saber?
Planeta imenso, em várias cores
Dá pra entender?
Pessoas diferentes moram nesse mundo
Tem umas doidas... Por que será?
Perderam o pai? Perderam a mãe?
Estão com fome?
Estão com raiva?
Mudo, mundo
Perguntas sem respostas
Estranho... quem vai saber?
Vitor Koziel